Por Roberta Rampton e Jean-Baptiste Vey
LA MALBAIE, Quebec (Reuters) - O presidente norte-americano Donald Trump provocou uma confusão na reunião do G7 que tentava mostrar uma frente unida depois de criticar o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, acrescentando que poderá dobrar as tarifas de importação ao atingir a sensível indústria automobilística.
Ao deixar a conferência do grupo dos sete no Canadá mais cedo, o anúncio de Trump de que ele estaria se retirando de um comunicado conjunto minou o que parecia ser um frágil consenso sobre a disputa comercial entre Washington e seus principais aliados.
"Justin Trudeau do Canadá agiu de maneira tão mansa e suave durante nossos encontros do G7 para depois dar uma entrevista coletiva depois que eu saí para dizer que 'as tarifas dos EUA são um pouco insultantes' e que ele 'não será maltratado'. Muito desonesto e fraco. Nossas tarifas são em resposta às suas tarifas de 270 por cento sobre laticínios", publicou Trump no Twitter.
Em sua entrevista coletiva, Trudeau falou sobre medidas retaliativas que o Canadá tomaria no próximo mês em resposta à decisão de Trump de aplicar tarifas sobre importações de aço e alumínio do Canadá, México e União Europeia.
"Nós canadenses somos educados, somos razoáveis, mas também não seremos maltratados", disse Trudeau, o anfitrião da conferência de dois dias em La Malbaie, em Quebec, a jornalistas.
Reagindo aos comentários de Trump, o gabinete de Trudeau disse: "Estamos focados em tudo que conseguimos aqui na conferência. O primeiro ministro não disse nada que não havia dito antes - tanto em conversas públicas quanto privadas com o presidente."
A Alemanha continuou apoiando o "comunicado acordado em conjunto" apesar da decisão de Trump de se retirar, afirmou o porta-voz do governo Steffen Seibert em nota neste domingo.
Em Paris, um fonte ligada à presidência francesa disse que a França e a Europa estão de acordo com o comunicado do G7 e que qualquer um que tenha deixado os compromissos feitos na conferência estaria mostrando "incoerência e inconsistência".
"A cooperação internacional não pode depender de raiva ou de agressões. Vamos ser sérios", disse a fonte, falando em condição de anonimato à Reuters.
(Reportagem adicional de Andrea Hopkins, David Ljunggren, Giselda Vagnoni, Jan Strupczewski e William James em La Malbaie; Jonathan Landay e David Lawder em Washington; Emmanuel Jarry e Dominique Vidalon em Paris; Andreas Rinke e Michael Nienaber em Berlim)