DUBAI (Reuters) - Autoridades do Irã disseram à Reuters nesta sexta-feira que o país recebeu uma mensagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertando que um ataque norte-americano ao Irã é iminente, mas dizendo que não quer guerra, e sim debater uma série de assuntos.
A notícia sobre a mensagem, entregue via Omã de madrugada, veio pouco depois de o jornal New York Times dizer que Trump aprovou ataques militares contra o Irã nesta sexta-feira por causa da derrubada de um drone de vigilância dos EUA, mas os cancelou na última hora.
"Em sua mensagem, Trump disse que é contra qualquer guerra com o Irã e que quer conversar com Teerã sobre vários assuntos", disse uma das autoridades à Reuters, pedindo anonimato.
"Ele deu um período de tempo curto para receber nossa resposta, mas a resposta imediata do Irã foi que cabe ao líder supremo (aiatolá Ali) Khamenei decidir sobre esta questão", disse a fonte.
Uma segunda autoridade iraniana disse: "Deixamos claro que o líder é contra qualquer conversa, mas a mensagem será transmitida para que ele tome uma decisão".
"Entretanto, dissemos à autoridade omanense que qualquer ataque contra o Irã terá consequências regionais e internacionais".
Após semanas de tensão crescente, na esteira de uma série de ataques a navios-tanque na região do Golfo Pérsico, o Irã disse na quinta-feira que abateu um drone militar de vigilância dos EUA com um míssil terra-ar.
Após a derrubada da aeronave, Trump sinalizou que não está disposto a uma escalada no impasse com o regime em reação às suas atividades nuclear e de mísseis balísticos e ao seu apoio a forças que atuam em seu nome em vários conflitos no Oriente Médio.
Ele disse que o drone pode ter sido abatido por engano por alguém que estava agindo "como um idiota descontrolado", mas acrescentou: "Este país não o tolerará".
O incidente agravou os temores globais de um confronto militar direto entre os inimigos de longa data, e nesta sexta-feira os preços do petróleo subiram mais um dólar por barril, passando de 65,50 dólares, devido às apreensões a respeito de possíveis transtornos nas exportações de petróleo cru do Golfo.
Segundo um funcionário de alto escalão dos EUA citado pelo NYT, aviões decolaram e navios foram posicionados para um ataque retaliatório ao Irã, mas depois receberam ordens de não agir, e nenhuma arma foi disparada.
Teerã disse ter abatido um drone de vigilância sem armas Global Hawk enquanto ele espionava parte de seu território litorâneo, e nesta sexta-feira a televisão estatal mostrou o que disse serem seções recuperadas da aeronave.
Já Washington afirmou que o drone estava no espaço aéreo internacional sobre o Estreito de Hormuz.
(Reportagem adicional de Babak Dehghanpisheh, em Genebra; Jamie Freed, em Cingapura; David Shepardson, em Washington; Tom Westbrook, em Sydney; Tom Balmforth, em Moscou; Roberta Rampton e Phil Stewart; em Washington)