Por Richard Cowan e Susan Cornwell
WASHINGTON (Reuters) - Às vésperas da esperada votação de seu impeachment na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump acusou os democratas de conduzirem uma "tentativa partidária e ilegal de golpe" e de declararem guerra contra a democracia norte-americana enquanto eles buscam demovê-lo do cargo por ter pressionado a Ucrânia a investigar seu rival político Joe Biden.
Os comentários de Trump vieram em uma carta assinada por ele e endereçada à presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, publicada enquanto os parlamentares da Casa se reuniam para estabelecer as regras do debate antes da votação planejada para a quarta-feira de dois artigos de impeachment --acusações formais-- contra Trump.
"Isso nada mais é que uma tentativa partidária, ilegal de golpe e que irá, baseada nos sentimentos recentes, fracassar nas urnas de votação", afirma Trump na carta fazendo referência às eleições presidenciais de 2020, nas quais ele buscará mais quatro anos no poder.
A Constituição norte-americana garante à Câmara o poder de impedir o presidente por "crimes graves e contravenções", como parte do sistema de freios e contrapesos entre Executivo, Legislativo e braços do Judiciário no governo federal.
A Câmara, liderada pelos democratas, deve aprovar os dois artigos de impeachment, acusando formalmente o presidente republicano de abuso de poder e de obstrução do Congresso por suas negociações com a Ucrânia.
"Ao proceder com seu impeachment inválido, vocês estão violando os juramentos de seus cargos, rompendo a fidelidade à Constituição, e declarando guerra aberta à Democracia Americana", acrescentou Trump.
Os democratas da Câmara acusam Trump de abuso de poder ao pedir que a Ucrânia investigue Biden, um ex-vice-presidente norte-americano e um dos principais pré-candidatos democratas para as eleições presidenciais de 2020. Trump também é acusado de tentar obstruir uma investigação parlamentar sobre o assunto.
"Vejam, isso é uma farsa total, desde o começo", disse Trump a jornalistas na Casa Branca pouco depois da publicação de sua carta.
O líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, rejeitou um pedido dos democratas para convocar quatro funcionários e ex-funcionários da Casa Branca como testemunhas no julgamento do impeachment no Senado, esperado para o mês que vem, em mais um sinal claro de que ele espera que os senadores não aprovem o impeachment de Trump.
Em discursos contrastantes no plenário do Senado, McConnell disse que não permitirá depoimentos sem foco após um processo de impeachment sem critérios da Câmara, enquanto o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, disse que um julgamento sem as testemunhas seria uma "farsa" e sugeriu que os colegas republicanos de Trump preferem acobertar as acusações.
(Reportagem de Susan Cornwell e Richard Cowan; Reportagem adicional de David Morgan, Patricia Zengerle e Makini Brice)