WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se envolveu nesta segunda-feira em um dos casos mais relevantes do atual mandato da Suprema Corte ao dizer que o censo de 2020 "não faz sentido" sem que se acrescente uma pergunta sobre a cidadania ao questionário.
Trump fez o comentário no Twitter porque a Suprema Corte se prepara para ouvir argumentação oral a respeito da pergunta sobre a cidadania no dia 23 de abril, e uma decisão é esperada até o final de junho.
A Constituição dos EUA exige um censo a cada 10 anos, e os resultados são usados para se traçar políticas, alocar assentos no Congresso e nos níveis estadual e local e distribuir verbas federais.
"Vocês conseguem acreditar que os democratas da esquerda radical querem fazer nosso novo e muito importante Relatório do Censo sem a importantíssima pergunta sobre a cidadania?", tuitou Trump. "O relatório não faz sentido e seria um desperdício dos bilhões (ridículo) que custa organizá-lo!"
Em janeiro, o juiz distrital Jesse Furman, de Manhattan, rejeitou a inclusão da pergunta, dizendo que cabe ao censo incluir a contagem daqueles que não são cidadãos.
Ele também acusou o secretário de Comércio, Wilbur Ross, de oferecer um argumento "pré-textual" para incluí-la – o de que a pergunta é necessária para ajudar a cumprir a Lei de Violação de Direitos.
Muitos Estados e grupos de direitos civis dos EUA contestaram a pergunta sobre a cidadania, e dois juízes proibiram seu uso.
Após a segunda decisão, esta de um juiz federal da Califórnia, a Suprema Corte disse no mês passado que também decidirá se Ross violou a Cláusula de Enumeração da Constituição, que determina os termos sob os quais as pessoas devem ser contadas, ao acrescentar a pergunta sobre a cidadania.
Críticos acusam a Casa Branca de incentivar uma contagem inferior dissuadindo imigrantes de participarem do censo, o que provavelmente prejudica mais os democratas do que os republicanos.
Os não-cidadãos representam estimados 7 por cento dos habitantes dos EUA.
(Por Susan Heavey em Washington e Jonathan Stempel em Nova York)