WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que nunca confrontou o líder da Rússia, Vladimir Putin, a respeito de relatórios da inteligência norte-americana segundo os quais Moscou pagou o Taliban para matar tropas dos EUA no Afeganistão, lançando dúvidas sobre os relatórios durante uma entrevista.
Trump, que tenta cultivar relações mais amistosas com Moscou, disse que não foi informado do assunto antes de ele emergir na mídia noticiosa no final de junho, classificou os relatórios como uma farsa e questionou sua veracidade.
"Eu nunca discuti isso com ele", disse Trump em uma entrevista à "Axios on HBO" na terça-feira.
A Rússia nega os relatórios.
Indagado por que não confrontou Putin a respeito do tema durante o telefonema dos dois na última quinta-feira, Trump respondeu: "Aquela foi uma ligação para debater outras coisas, e sinceramente este é um assunto que muita gente disse ser fake news."
Ele e o presidente russo falaram sobre a não-proliferação nuclear no telefonema, disse.
Democratas do Congresso acusam Trump, que buscará a reeleição em novembro, de não levar suficientemente a sério as informações de inteligência a respeito da morte de soldados. Eles pressionam para receber mais informações da comunidade de inteligência e da Casa Branca.
O conselheiro de Segurança Nacional, Robert O'Brien, disse que Trump não foi inteirado verbalmente da inteligência a respeito das execuções encomendadas pela Rússia porque o assessor de comunicação da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) concluiu que os relatórios não tinham corroboração.
Autoridades da Casa Branca não negaram que a informação foi incluída no Briefing Diário do Presidente (PDB, na sigla em inglês), um sumário diário de informações confidenciais e de análises sobre a segurança nacional. Alguns veículos de notícia relataram que o tema constou de um PDB de fevereiro, mas que Trump pode não tê-lo lido.
"Nunca chegou à minha mesa. Sabe por quê? Porque eles não acharam , a inteligência, eles não acharam que era verdade", disse Trump na entrevista. "Eu não me importaria. Se chegasse à minha mesa, teria feito algo a respeito."
Trump conversou com Putin ao menos oito vezes desde que a inteligência foi incluída pela primeira vez em seu briefing, segundo Axios.
O senador Angus King, um independente que integra o Comitê de Inteligência, disse que considerou os comentários de Trump espantosos. Embora não pudesse entrar em detalhes, King disse ter confiança de que os relatórios sobre as execuções encomendadas não eram "fake news".
Trump tem dito que muitas autoridades de inteligência duvidaram da veracidade dos relatórios, uma colocação refutada por quatro fontes norte-americanas e europeias e por sua inclusão em um relatório de maio da CIA lido por muitos.
Em junho, o jornal New York Times foi o primeiro a noticiar que a inteligência dos EUA concluiu que uma unidade de inteligência militar russa ofereceu ao Taliban pagamentos de até 100 mil dólares por cada soldado norte-americano ou aliado morto.
(Por Doina Chiacu)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC