Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversaram durante mais de uma hora nesta sexta-feira, debatendo a possibilidade de um novo acordo nuclear, a desnuclearização norte-coreana, a Ucrânia e a situação política da Venezuela, disse a Casa Branca.
"Estamos falando sobre um acordo nuclear onde fazemos menos e eles fazem menos e até talvez nos livremos de parte do tremendo poder de fogo que temos agora", disse Trump a repórteres, acrescentando que qualquer acordo poderá incluir a China.
"Nós discutimos a possibilidade de um acordo de três partes, em vez de um acordo de duas partes", afirmou Trump. "E a China, já falei com eles. Eles gostariam muito de fazer parte desse acordo".
Mais cedo, Trump havia dito no Twitter que os dois debateram comércio, Venezuela, Ucrânia, Coreia do Norte e a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa na campanha presidencial norte-americana de 2016.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse aos repórteres que Trump e Putin falaram sobre a possibilidade de um novo acordo nuclear multilateral entre EUA, Rússia e China, ou uma renovação do atual tratado nuclear estratégico entre Washington e Moscou.
Ela a classificou como uma "conversa positiva no geral".
Os dois, que haviam conversado informalmente pela última vez em um jantar de líderes mundiais em Buenos Aires no dia 1º de dezembro, falaram brevemente sobre relatório Mueller, que concluiu que Trump não conspirou com a Rússia durante sua campanha presidencial em 2016.
O debate sobre o inquérito Mueller foi "essencialmente no contexto de que ele está encerrado e de que não houve conluio, algo que estou bem certa de que os dois líderes estavam bem cientes muito antes de esta ligação acontecer", disse Sarah.
O Kremlin confirmou que os dois conversaram, ressaltando em seu comunicado que a ligação partiu de Washington, e que os dois líderes concordaram em manter contato em níveis diferentes e expressaram satisfação com a "natureza prática e construtiva" da conversa.
Com os EUA preocupados com a presença militar russa na Venezuela agora que Washington quer que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deixe o poder, Trump disse a Putin que "os Estados Unidos estão com o povo da Venezuela" e enfatizou que quer levar remessas de ajuda para o país, segundo Sarah.
Putin disse a Trump que qualquer interferência externa nos negócios internos da Venezuela mina as perspectivas de uma solução política para a crise, disse o Kremlin.
O novo tratado Start de 2011, o único pacto de controle de armas entre EUA e Rússia que limita a mobilização de armas nucleares estratégicas, vence em fevereiro de 2021, mas pode ser prorrogado por cinco anos se os dois lados concordarem.
Trump classificou o novo Start como um "acordo ruim" e "unilateral".
(Por Steve Holland e David Alexander; reportagem adicional de Andrey Ostroukh em Moscou)