WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda está comprometido com uma campanha para forçar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a renunciar e abrir caminho para o líder de oposição Juan Guaidó, disse o enviado do governo norte-americano para a Venezuela nesta terça-feira.
A campanha fracassou em remover Maduro, que tem o apoio de Rússia e China. Argumentando que a reeleição de Maduro foi ilegítima, Guaidó invocou a Constituição venezuelana em janeiro para se autodeclarar presidente interino do país com apoio dos Estados Unidos e de outros países ocidentais.
Elliott Abrams, representante especial dos Estados Unidos para a Venezuela, minimizou questionamentos sobre se Washington havia perdido interesse na questão devido a outros assuntos mais urgentes de política externa, com o aumento das tensões com o Irã e as negociações comerciais com a China.
Ele também negou firmemente a possibilidade de que Maduro poderia ser parte de um governo unificado na Venezuela. "É difícil enxergar como ele pode ser parte da solução ou como poderia ser parte de um governo de transição", disse Abrams a jornalistas.
Citando exemplos de que a Venezuela continuava uma prioridade do governo, Abrams disse que Trump havia abordado o assunto com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, durante uma reunião no dia 20 de junho. O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, viajou para Miami para também ajudar no envio de um navio-hospital da Marinha dos Estados Unidos, o USNS Comfort, em uma missão médica para a América do Sul para ajudar os venezuelanos desalojados.
"Não é um sinal de falta de interesse", disse Abrams. "A noção de que nos níveis mais altos do governo possa haver uma diminuição de interesse na questão é simplesmente falsa".
Sem explicar, Abrams disse que o número de países que anunciaram apoio a Guaidó irá crescer mais ainda a partir dos atuais 54 países. "Haverá uma mudança neste número", disse.
Abrams disse que espera se encontrar com Manuel Cristopher, um general venezuelano que se voltou contra Maduro e que está agora nos Estados Unidos.
"Ele está nos EUA e ele é um homem livre. Eu gostaria de falar com ele pessoalmente, e imagino que outros oficiais dos Estados Unidos também queiram porque ele obviamente tem muitas coisas interessantes para dizer sobre o regime de Maduro e sobre a vida na Venezuela", disse Abrams.
Abrams disse que o governo norte-americano não levou Cristopher para os Estados Unidos, mas acrescentou: "Estamos felizes que ele esteja aqui, isso facilita que tenhamos mais conversas com ele".
Maduro já acusou Cristopher, que foi diretor do serviço de inteligência do país sul-americano, o Sebin, de conspirar para ajudar o levante de Guaidó ao libertar o líder de oposição Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar sob supervisão do Sebin.
(Reportagem de Lesley Wroughton)