Por Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua "muito comprometido" com a conquista da paz entre israelenses e palestinos, disse Jared Kushner, seu genro e um de seus principais conselheiros, ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no início de conversas ocorridas nesta quinta-feira.
Mas não havia muitos sinais de que qualquer avanço ou progresso significativo para o encerramento de um conflito de décadas seja iminente, enquanto Kushner iniciava um dia de reuniões separadas com Netanyahu e com o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Os palestinos ainda esperam uma demonstração de apoio do governo Trump para a criação de um Estado palestino ao lado de Israel –o fundamento da política norte-americana para o Oriente Médio nas últimas duas décadas. A última rodada de conversas de paz entre os dois lados fracassou em 2014.
Por sua parte, Netanyahu está sendo pressionado por parceiros de sua coalizão de direita a não ceder na construção de assentamentos judeus em territórios ocupados que os palestinos desejam para um Estado independente. A questão dos assentamentos contribuiu para o colapso das negociações três anos atrás.
"Temos coisas para conversar –como fomentar a paz, a estabilidade e a segurança em nossa região, a prosperidade também. E acho que todas elas estão ao nosso alcance", disse Netanyahu, ao receber Kushner em seu escritório em Tel Aviv, em um vídeo divulgado pela embaixada dos EUA.
Kushner, um empreendedor do setor imobiliário com pouca experiência em diplomacia internacional ou negociações políticas, chegou a Israel com o enviado norte-americano para o Oriente Médio, Jason Greenblatt, na quarta-feira depois de se encontrar com líderes árabes no Golfo Pérsico, no Egito e na Jordânia.
"O presidente está muito comprometido em obter uma solução aqui que poderá trazer prosperidade e paz a todos os povos desta área", disse Kushner, que foi encarregado por Trump de ajudar a mediar um acordo de paz, em resposta a Netanyahu.
Trump descreveu a paz entre israelenses e palestinos como "o acordo derradeiro" –e criou mais uma rusga em fevereiro dizendo que não está aferrado à ideia de dois Estados coexistindo lado a lado como solução para a disputa.
Na Cisjordânia, Nabil Abu Rdainah, um porta-voz de Abbas, disse que a visita de Kushner –ele esteve em Israel e nos territórios palestinos pela última vez em junho– pode se mostrar relevante, especialmente por causa das consultas do enviado com aliados regionais nesta semana.
"Isso pode criar uma nova chance de se chegar a um entendimento baseado na solução de dois Estados e na iniciativa árabe e frear a deterioração atual do processo de paz".
(Reportagem adicional de Ali Sawafta em Ramallah e Nidal al-Mughrabi em Gaza)