WASHINGTON/CHARLOTTE (Reuters) - O Partido Republicano dos Estados Unidos endossou formalmente a reeleição do presidente Donald Trump no primeiro de quatro dias de uma convenção reduzida concebida para ressaltar seu desempenho como presidente antes da pandemia e semear dúvidas sobre o desafiante democrata Joe Biden.
Trump obteve oficialmente os votos que precisará para pleitear a indicação do partido em Charlotte, na Carolina do Norte, onde correligionários estão se reunindo em meio a uma pandemia de coronavírus que já matou mais de 176 mil norte-americanos, eliminou milhões de empregos e erodiu a reputação do presidente entre os eleitores.
Trump falará em todas as noites da festa em parte virtual, em parte presencial repleta de familiares, apesar de manifestantes estarem visando o local da convenção.
O evento contrasta com o dos democratas, que optaram por um formato inteiramente virtual para indicar o ex-vice-presidente Biden e sua colega de chapa, a senadora Kamala Harris. A mudança foi pensada para diminuir o risco de o vírus se disseminar durante a convenção.
"A escolha nesta eleição nunca foi mais clara, e as apostas nunca foram tão altas", disse o vice-presidente Mike Pence aos presentes no início da convenção republicana.
Biden, de 77 anos, está à frente de Trump, de 74 anos, nas pesquisas de opinião sobre a eleição de 3 de novembro. Biden e seus colegas democratas retrataram Trump como uma força das trevas, do caos e da incompetência e enfatizaram a diversidade e os valores de sua sigla, como "empatia" e "unidade".
Os republicanos disseram que a convenção oferecerá uma mensagem mais esperançosa, com ênfase em "lei e ordem", direitos de posse de armas, cortes de impostos e os homens e mulheres "esquecidos" da América.
O partido governista preferiu não votar no documento tradicional que detalha suas propostas políticas, dizendo que apoia o que Trump está fazendo. Já a campanha de Trump divulgou uma série de objetivos pontuais, incluindo a promessa de "criar 10 milhões de empregos novos em 10 meses".
Em outro contraste com o evento democrata, que contou com os três ex-presidentes democratas vivos e com antigos indicados, a convenção republicana não contará com discursos de ex-presidentes vivos ou candidatos.
Nem o ex-presidente George W. Bush, nem o ex-candidato presidencial republicano de 2012, Mitt Romney --que votou a favor do impeachment de Trump-- planejam falar. Também estarão ausentes vários colegas de sigla que enfrentarão eleições disputadas em novembro, como o senador Thom Tillis, da anfitriã Carolina do Norte.
Como a pandemia ainda não foi controlada, as boas notícias têm sido escassas para Trump e seu partido. Sua atuação presidencial foi criticada duramente por Biden e pelo ex-presidente Barack Obama na convenção democrata.
Trump planeja realizar vários eventos ao vivo com plateia durante a convenção republicana --um contraste com os democratas, que exibiram depoimentos pré-gravados ou fizeram discursos em locais quase vazios para evitar a disseminação do coronavírus.
De domingo para segunda-feira, manifestantes e agentes da lei se chocaram pela terceira noite seguida perto do Centro de Convenções de Charlotte, e a polícia usou gás de pimenta contra a multidão.
Trump aceitará a indicação do partido na noite de quinta-feira diante de uma multidão no Gramado Sul da Casa Branca. Democratas criticaram a medida por vê-la como um uso partidário de propriedade pública.
(Por Jeff Mason em Washington e Jarrett Renshaw em Charlotte, Carolina do Norte; reportagem adicional de Leah Mills, Andrea Shalal, Heather Timmons, James Oliphant e Trevor Hunnicutt)