Por Nathan Layne
(Reuters) - O ex-presidente e candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou seu plano para acabar com a taxação de gorjetas em uma passagem por Las Vegas nesta sexta-feira, tentando reagir a uma semana em que foi ofuscado pela vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, e teve dificuldade para manter o foco em propostas, e não em ataques contra a oponente.
Em um púlpito montado em um restaurante mexicano, o candidato presidencial republicano falou sobre o plano de eliminar impostos sobre 100% das gorjetas para garçons e outros funcionários do setor de serviços. Ele também falou sobre os esforços de sua campanha de conquistar eleitores hispânicos em Nevada, um estado-chave que pode ajudar a definir a eleição no dia 5 de novembro.
A proposta é um dos pilares da agenda econômica do candidato e o tipo de assunto que seus auxiliares estão pressionando Trump a abordar, em vez de permanecer nos ataques pessoais acerca da imagem, herança e inteligência de Kamala. A avaliação é de que essas atitudes podem afastar os votos moderados que Trump precisa para vencer.
Os comentários de Trump ocorrem um dia depois de Kamala ter aceitado a nomeação do Partido Democrata através de um forte discurso, em que falou sobre propostas e suas diferenças com Trump, 11 semanas antes da eleição.
No quarto dia da convenção democrata, Trump apostou em eventos pelo país, tentando obter atenção da imprensa e roubá-la da adversária. Contudo, seus discursos sobre política externa, economia e criminalidade não conseguiram desviar muito o foco da democrata e receberam pouca atenção, uma reviravolta impressionante para um político que costumava dominar as manchetes.
Trump e seus aliados esperam que o fim da convenção seja também o fim da “lua de mel” para Kamala, que surgiu como candidata democrata há pouco mais de um mês, quando o atual presidente, Joe Biden, desistiu da disputa.
Durante o discurso da democrata em Chicago, Trump atacou Kamala com dezenas de postagens em sua rede social Truth Social, chamando-a de mentirosa, “marxista” e “camarada Kamala Harris”. Em um dos posts, com letras maiúsculas, ele perguntou: “ELA ESTÁ FALANDO DE MIM?”.
William Rosenberg, professor de ciências políticas da Universidade de Drexel, afirmou que os ataques pessoais de Trump expressavam sua frustração por enfrentar uma mulher mestiça, algo que o deixa em situação delicada por seu histórico de comentários racistas.
“Sua raiva e suas palavras falam muito”, afirmou Rosenberg. “Ele está navegando por um caminho que é cheio de problemas.”
Uma pergunta a ser respondida é se Kamala conseguirá superar Trump no ritmo de campanha nas próximas semanas. Biden promovia poucos eventos, aliviando a pressão para que o republicano viajasse mais pelo país. Isso pode mudar com a nova adversária.
Trump viajará para Detroit na noite de segunda-feira, para participar de uma conferência da Associação da Guarda Nacional dos EUA. Ele também discursará em um evento de mulheres conservadoras em Washington, na sexta-feira.
A porta-voz da campanha, Karoline Leavitt, afirmou que Trump terá pelo menos mais uma parada a fazer entre esses dois eventos. Ela não deu detalhes sobre isso.
A campanha de Kamala ainda não revelou seus planos para a próxima semana.