Por Steve Holland e Andrea Shalal
BASE ANDREWS/WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que enfrenta um novo processo de impeachment por conta de uma acusação de "incitação à insurreição", negou nesta terça-feira qualquer responsabilidade pela invasão violenta do Capitólio por seus apoiadores na semana passada, e disse que seus comentários antes do cerco ao Congresso foram apropriados.
O presidente republicano disse a jornalistas que seu discurso antes do ataque de quarta-feira --no qual ele pediu que seus apoiadores marchassem sobre o Capitólio e lutassem-- havia sido analisado por outras pessoas, sem citar quem seriam, que teriam dito que o discurso era "totalmente apropriado".
"Se você ler meu discurso... o que eu disse foi totalmente apropriado", disse Trump a jornalistas na Base Andrews quando perguntado sobre sua responsabilidade pessoal nos ataques de 6 de janeiro, quando seus partidários invadiram o Capitólio enquanto membros do Congresso e seu vice-presidente, Mike Pence, estavam no edifício.
"Eles analisaram meu discurso e minhas palavras e meu parágrafo final, minha última frase e todos acharam que foi totalmente apropriado", disse Trump antes de se dirigir para Álamo, no Texas, para visitar seu icônico muro na fronteira com o México.
Os democratas na Câmara dos Deputados planejam aprovar um novo impeachment contra Trump na quarta-feira a não ser que ele renuncie ou seja retirado do cargo antes disso. Um novo impeachment seria inédito e o republicano seria o único presidente norte-americano a sofrer duas vezes o impeachment neste Casa Legislativa na história.
As declarações de Trump na terça-feira foram as primeiras em público desde quarta-feira, embora ele tenha publicado um vídeo na quinta-feira no qual condenou a violência mas sem admitir a derrota nas eleições.
Democratas disseram que a defesa de Trump de suas palavras e ações ressalta a urgência de removê-lo do cargo.
"A falta de arrependimento de Trump hoje deixa claro que a 25ª Emenda deve ser invocada para removê-lo", tuitou Daniel Goldman, advogado da maioria no primeiro inquérito de impeachment da Câmara.
A 25ª Emenda da Constituição dos EUA permite ao vice-presidente e ao gabinete destituir um presidente incapaz de cumprir suas obrigações.