Por Sarah N. Lynch e Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos estão prontos para remover cerca de mil tropas do norte da Síria em meio a incursão turca na região, disse o secretário de Defesa Mark Esper neste domingo, chamando a situação de "insustentável" para os EUA.
A retirada das tropas da região se encaixa no desejo de longa data do presidente Donald Trump de que os Estados Unidos se livrem de conflitos estrangeiros e se segue à decisão presidencial, tomada há uma semana, de retirar as tropas destacadas para apoiar as forças curdas na luta contra o Estado Islâmico.
Essa decisão, alvo de fortes críticas dentro do próprio Partido Republicano e de aliados, ajudou a abrir a porta para a Turquia lançar uma ofensiva contra as forças curdas apoiadas pelos EUA, parte das Forças Democráticas da Síria (SDF) que têm sido os parceiros mais atuantes dos EUA na tentativa de anular o Estado Islâmico.
"Nas últimas 24 horas, descobrimos que [os turcos] provavelmente pretendem estender seu ataque mais ao sul do que o originalmente planejado e ao oeste", disse Esper no programa Face the Nation, da rede CBS. "Também entendemos nas últimas 24 horas que o SDF quer fechar um acordo com sírios e russos para contra-atacar contra os turcos no Norte".
Esper disse que falou com Trump na noite de sábado e que o presidente dirigiu os militares para "iniciar uma retirada deliberada de forças do norte da Síria".
Autoridades americanas passaram a última semana aumentando a pressão sobre a Turquia para interromper o ataque à Síria e aos combatentes curdos, que consideram uma ameaça à segurança nacional. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse na sexta-feira que as sanções contra Ancara estão todas prontas, caso o presidente opte por cumprir sua ameaça de obliterar a economia da Turquia.
A ofensiva turca despertou alarmes em todo o mundo, em meio a preocupações com seu impacto sobre os civis e a possibilidade de militantes do Estado Islâmico escaparem das prisões controladas pelos curdos.
Esper disse ainda que os Estados Unidos sabiam antecipadamente sobre as intenções do presidente turco Recep Tayyip Erdogan de atravessar a fronteira para a Síria.
"Estava claro para mim que o presidente Erdogan estava comprometido em entrar. Ele nos informou que iria entrar, não pediu permissão".
O secretário acrescentou que os Estados Unidos não tinham tropas suficientes para impedir um avanço turco e precisavam ser afastadas do perigo.
"Não há como impedir que 15.000 turcos sigam para o sul", disse ele.