Por Steve Holland e Arshad Mohammed
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, praticamente decidiu deixar o acordo nuclear de 2015 com o Irã até 12 de maio, mas exatamente como irá fazer isto permanece incerto, disseram nesta quarta-feira duas autoridades da Casa Branca e uma fonte familiar ao debate interno do governo.
Há uma chance de Trump poder escolher manter os EUA no pacto internacional sob o qual o Irã concordou em conter seu programa nuclear em troca de alívio de sanções, em parte por conta de “manutenção da aliança” com a França e para manter sua reputação com o presidente da França, Emmanuel Macron, que se encontrou com Trump na semana passada e pediu a permanência, disse a fonte.
Uma decisão de Trump de acabar com o alívio de sanções dos EUA iria praticamente afundar o acordo e poderia provocar uma reação do Irã, que poderia retomar seu programa de armas nucleares ou “punir” aliados norte-americanos na Síria, Iraque, Iêmen e Líbano, disseram diplomatas.
Tecnicamente, Trump deve decidir até 12 de maio se irá renovar as suspensões de algumas das sanções norte-americanas sobre o Irã. Uma das autoridades da Casa Branca que falaram em condição de anonimato disse ser possível que Trump termine com uma decisão que “não é inteiramente uma retirada”, mas não foi capaz de descrever como isto seria.
Uma apresentação na segunda-feira do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre o que disse ser evidência documental do antigo programa de armas nucleares de Teerã pode dar a Trump um novo argumento para retirada, mesmo que inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) digam que o Irã tem cumprido os termos do acordo.
O Irã tem negado já ter buscado armas nucleares e acusa Israel de instigar suspeitas mundiais contra o país.
O pacto entre o Irã e seis potências mundiais – Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e os Estados Unidos – está entre as principais políticas externas do ex-presidente norte-americano Barack Obama, mas tem sido descrito por Trump como “um dos piores acordos que eu já testemunhei”.
A autoridade da Casa Branca disse que Trump está “na maior parte do caminho inclinado a deixar o acordo, mas ele ainda não tomou a decisão” e que ele “parece pronto para fazer isto, mas até que uma decisão seja tomada pelo presidente, isto não é final”.
Assessores de alto escalão não estão buscando convencer Trump agressivamente sobre a retirada porque ele parece ter esta intenção, disse uma segunda autoridade da Casa Branca.
EUROPEUS PERDENDO ESPERANÇA
Trump deu ao Reino Unido, França e Alemanha um prazo de 12 de maio para consertar o que vê como as falhas do acordo – seu fracasso em tratar do programa de mísseis balísticos do Irã, os termos sob os quais inspetores visitam possíveis instalações iranianas, entre outros – ou irá reimpor sanções norte-americanas.
Embora autoridades europeias continuem trabalhando para tal “conserto”, elas acreditam que as probabilidades são baixas.
(Reportagem de Steve Holland e Arshad Mohammed)