Por Steve Holland e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - O presidente Donald Trump deixou a Casa Branca e Washington pela última vez como comandante-em-chefe, nesta quarta-feira, após uma Presidência turbulenta marcada por dois impeachments na Câmara dos Deputados, profundas divisões políticas e uma pandemia que causou 400.000 mortes nos Estados Unidos.
O presidente republicano deixou a Casa Branca com a esposa, Melania, dizendo que foi uma grande honra e dando um aceno final ao entrar no helicóptero Marine One para a base de Andrews, onde fez um discurso de despedida.
"Então, é um adeus. Nós amamos vocês. Estaremos de volta de alguma forma", disse Trump a apoiadores antes de embarcar no Air Force One para um voo até a Flórida. "Tenham uma boa vida. Nos veremos em breve."
O avião taxiou e decolou enquanto a clássica canção "My Way", de Frank Sinatra, tocava nos alto-falantes.
Trump deixou um bilhete para seu sucessor, o democrata Joe Biden, confirmou um porta-voz. Trump se recusou a mencionar o nome de Biden, embora tenha desejado sorte ao novo governo ao deixar o cargo.
Trump, de 74 anos, despediu-se horas antes da posse de Biden, tornando-se o primeiro presidente desde Andrew Johnson em 1869 a evitar a cerimônia do Dia da Posse que marca a transferência formal do poder, em uma demonstração final de ressentimento por não ter conseguido a reeleição em novembro.
A chegada de Trump ao seu resort Mar-a-Lago, em Palm Beach, foi programada para colocá-lo atrás no local antes que o mandato de Trump como presidente acabasse, ao meio-dia (horário local).
"Sempre lutarei por vocês. Estarei observando. Estarei ouvindo. E direi a vocês que o futuro deste país nunca esteve melhor", declarou Trump em seu discurso público final. "Desejo à nova administração muita sorte e muito sucesso. Acredito que eles terão muito sucesso. Eles têm a base para fazer algo realmente espetacular."
Trump tem um longo caminho a percorrer para reconstruir uma imagem deixada em frangalhos por sua tempestuosa Presidência, principalmente nos últimos meses. Trump possui um lugar único na história --como o único presidente que sofreu impeachment na Câmara dos Deputados duas vezes.
Mesmo depois do fim de seu mandato, o Senado ainda deve realizar um julgamento sobre o impeachment de Trump aprovado pela Câmara por ter incitado uma insurreição no episódio de invasão ao Capitólio dos EUA por seus apoiadores em 6 de janeiro. O resultado pode determinar se ele será desqualificado para concorrer novamente à Presidência.
“Ele vai ser um presidente asterisco, um presidente que fez mais mal do que bem”, disse o historiador presidencial Douglas Brinkley.
Trump manteve até seus últimos dias no cargo sua posição de que a eleição de 3 de novembro foi roubada dele, de acordo com fontes familiarizadas com a situação. Os tribunais rejeitaram as alegações infundadas de fraude eleitoral generalizada, e seu vice-presidente, Mike Pence, liderou o Congresso dos EUA ao certificar a vitória de Biden mesmo com as objeções de Trump, depois que os manifestantes foram dispersados do Capitólio após o ataque que causou a morte de cinco pessoas.