Por Steve Holland
JAMESTOWN, Estados Unidos (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sob fogo cerrado em Washington por causa dos ataques verbais a parlamentares de minorias raciais, repudiou a escravidão norte-americana nesta terça-feira, o 400º aniversário da primeira Assembleia Legislativa do Estado da Virgínia, e foi interrompido brevemente por um parlamentar estadual que protestava.
Trump leu um discurso escrito previamente no local da primeira Assembleia Legislativa em Jamestown, na Virgínia, depois de visitar a igreja de Jamestown e uma réplica de um vilarejo de 1619.
Em seus comentários, ele homenageou as primeiras pessoas a formarem um governo no que viriam a ser os EUA, mas também admitiu que importavam escravos para a região no mesmo ano de 1619.
"Foi o início de um comércio bárbaro de vidas humanas", disse. "Hoje, como homenagem, lembramos cada alma sagrada que sofreu os horrores da escravidão e a angústia do cativeiro."
Os comentários de Trump, nos quais também prestigiou as contribuições afro-norte-americanas à história dos EUA e citou o líder de direitos civis e reverendo Martin Luther King Junior, vieram uma quinzena após comentários incendiários sobre quatro mulheres democratas de minorias da Câmara dos Deputados e um parlamentar afro-norte-americano, Elijah Cummings, todos eles críticos contundentes do presidente.
Trump atacou Cummings por não fazer mais para diminuir o sofrimento em Baltimore, cidade de maioria negra que disse estar infestada de roedores --colocações que o tornaram alvo de acusações de racismo e intolerância.
Os parlamentares negros da Virgínia disseram que boicotariam o discurso de Trump depois de seus comentários ríspidos sobre os membros de minorias no Congresso.
Um comunicado do Caucus Negro do Legislativo da Virgínia disse ser "impossível ignorar o emblema de ódio e desdém que o presidente representa" enquanto continua a "promulgar políticas que prejudicam comunidades marginalizadas e usa retórica racista e xenófoba".
O discurso de Trump em Jamestown foi interrompido brevemente por Ibraheem Samirah, deputado democrata e dentista palestino-norte-americano da Virgínia que gritou e ergueu um cartaz que dizia: "Volte para seu lar corrupto. Deporte o ódio. Reaproxime minha família e todos aqueles arrasados pela discriminação sistemática".
Mais tarde o Partido Republicano da Virgínia emitiu um comunicado acusando Samirah de ser antissemita.