Por Andrew Goudsward
WASHINGTON (Reuters) - O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump entrou nesta segunda-feira com uma ação para tentar desqualificar a juíza distrital Tanya Chutkan de presidir um dos processos criminais a que ele responde por supostamente ter buscado reverter a sua derrota na eleição presidencial de 2020.
Trump, líder da corrida pela nomeação do Partido Republicano à candidatura presidencial em 2024, afirmou no mês passado que tentaria retirar Chutkan do caso, e que também buscaria mudar o local de julgamento.
O ex-presidente argumentou que comentários anteriores de Chutkan, que aparentemente se referiam ao papel de Trump no ataque de seus apoiadores ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, levantava dúvidas sobre a imparcialidade da magistrada.
A ação judicial cita comentários de Chutkan feitos em 2022 durante a audiência de sentença de outro réu pela insurreição de janeiro de 2021, quando ela sugeriu que o manifestante era motivado por uma “lealdade cega a uma pessoa que, inclusive, permanece livre até o dia de hoje”, depois que alguns réus argumentaram que pensavam que estavam fazendo o que Trump queria.
Os advogados de Trump afirmaram que o comentário indica crença da juíza de que o político “deve ser processado e preso”.
Trump foi acusado pelo procurador especial Jack Smith por quatro crimes, por supostamente ter arquitetado uma reversão dos resultados da eleição de 2020. O processo em questão é um de quatro que ele enfrenta ao mesmo tempo em que disputa a indicação republicana para 2024. Trump se declarou inocente de todas as acusações.
“Embora a juíza Chutkan possa genuinamente ter a intenção de dar ao presidente Trump um julgamento justo – e possa acreditar que pode fazê-lo – as suas declarações públicas mancham inevitavelmente estes procedimentos, independentemente do resultado”, escreveram os advogados de Trump.
O político tem criticado Chutkan em suas redes sociais desde que ela foi aleatoriamente escolhida para presidir o caso em uma corte federal de Washington.
Chutkan marcou a data do julgamento do caso para março de 2024, apesar das objeções de Trump e dos seus advogados, que procuraram adiar o processo para 2026. A juíza também alertou anteriormente Trump sobre a tentativa de influenciar potenciais testemunhas no caso.
O indiciamento de Washington não acusa especificamente Trump pelo ataque de 6 de janeiro, mas alega que ele explorou a rebelião na tentativa de atrasar a certificação do Congresso da sua derrota para o democrata Joe Biden.
Chutkan, que foi indicada pelo ex-presidente Barack Obama, um democrata, decidiu contra Trump em um caso em 2021, no qual ele tentava proteger seus registros na Casa Branca de um comitê da Câmara dos Deputados que investigava o ataque contra o Capitólio.
“Presidentes não são reis, e o demandante não é presidente”, afirmou Chutkan em sua decisão.
(Reportagem de Andrew Goudsward; reportagem adicional de Kanishka Singh)