Por Tarek Amara
(Reuters) - O homem da Tunísia acusado de pilotar um barco de imigrantes que naufragou ao largo da Líbia, matando mais de 700 pessoas, também é um migrante, que foi forçado sob a mira de uma arma a ser o capitão do navio devido à experiência como pescador, disse seu irmão neste sábado.
As autoridades italianas afirmam que o homem, chamado no tribunal como Mohammed Ali Malek, de 27 anos, estava no comando do barco de pesca superlotado que naufragou pouco antes da meia-noite no dia 18 de abril com centenas de africanos e migrantes de Bangladesh trancados abaixo do convés.
O irmão do acusado disse à Reuters que seu nome verdadeiro é
Nourredine Mahjoub e que ele tinha viajado clandestinamente para a Europa há cinco anos, passando um tempo na Itália e na França antes ser deportado. Ele havia retornado recentemente à Líbia em busca de trabalho.
"Meu irmão foi recrutado para trabalhar em um café na Líbia há algumas semanas, mas depois ele foi forçado sob ameaça por contrabandistas para pilotar a viagem, porque ele sabe um pouco sobre o mar e trabalhou com nosso pai pescando", disse por telefone o irmão, Makrem Mahjoub.
Ele afirmou que seu irmão havia telefonado de um número da Líbia alguns dias antes para dizer que havia sido ameaçado por homens com Kalashnikovs.
"Eles o levaram para o barco. Quando ele me ligou, ele estava em choque e chorando."
A informação não pôde ser verificada de forma independente. Makrem Mahjoub disse que seu irmão deu uma identidade falsa para as autoridades italianas, sem explicar o motivo.