Istambul (Reuters) - Os mosaicos de Hagia Sophia, em Istambul, serão cobertos por cortinas ou lasers durante os momentos de orações dos muçulmanos, disse o porta-voz do partido governista turco AK nesta segunda-feira depois que o presidente Tayyip Erdogan converteu o museu em uma mesquita.
Os ícones cristão serão descobertos e abertos a todos os visitantes o restante do tempo, e a entrada será gratuita, informou Omer Celik.
Não ficou claro de imediato como os lasers funcionariam.
Na sexta-feira, uma corte da Turquia determinou que a conversão do edifício em um museu em 1934 foi ilegal.
Declarando-o uma mesquita, Erdogan disse que as primeiras orações ocorrerão ali dentro de duas semanas.
A medida provocou preocupação e críticas internacionais, incluindo de Grécia, Estados Unidos e Rússia, além da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do papa Francisco, que se disse magoado com a decisão.
Celik disse em uma coletiva de imprensa em Ancara que o maior desrespeito contra Hagia Sophia em toda a história foi cometido pelo papado.
Ele disse que os cristãos ortodoxos e Hagia Sophia sofreram durante anos com uma "invasão latina" liderada pelo papado no século 13, quando cruzados pilharam a catedral.
A Grécia repudiou a decisão na sexta-feira, dizendo que ela repercutirá nas relações entre os dois países e nos laços da Turquia com a União Europeia. O Departamento de Estado dos EUA se disse "decepcionado" com a ação.
O líder do partido italiano de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, comandou uma manifestação diante do consulado turco em Milão para protestar contra a decisão.
"Eu interromperia qualquer tipo de ajuda financeira ao regime turco e acabaria de uma vez por todas com qualquer hipótese de a Turquia entrar na União Europeia, porque demos mais de 10 bilhões de euros a um regime que transforma igrejas em mesquitas, e acho que passaram do limite", disse Salvini.
Ainda na sexta-feira, a Unesco disse que revisará o status de Patrimônio da Humanidade do monumento após o anúncio de Erdogan.
(Por Ali Kucukgocmen)