ANCARA/ISTAMBUL (Reuters) - A Turquia dispensou quase 1.700 pessoas do quadro militar e fechou mais de 130 meios de comunicação, disseram fontes oficiais nesta quarta-feira, em meio a uma crescente repressão que provoca alarme entre seus os aliados da Otan, depois da tentativa frustrada de golpe no país neste mês.
Um total de 1.684 pessoas do quadro militar foi desonrosamente dispensado, afirmou uma autoridade de governo, citando o papel delas no golpe frustrado de 15 e 16 de julho, quando uma facção dos militares tentou derrubar o governo.
O presidente Tayyip Erdogan acusou o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, que mora dos Estados Unidos, de planejar a tentativa de golpe, e autoridades já suspenderam, dispensaram ou colocaram sob investigação mais de 60 mil soldados, policiais, professores, juízes e outros suspeitos de terem ligação com o movimento de Gulen.
Gulen nega envolvimento na tentativa de golpe.
Entre os militares que tiveram a dispensa anunciada nesta quarta-feira, 149 eram generais e almirantes, segundo a autoridade do governo. Isso representaria aproximadamente 40 por cento de todos os generais e almirantes turcos, de acordo com informações militares.
Mais ainda, o governo disse no jornal oficial que três agências de notícias, 16 canais de TV, 45 jornais, 15 revistas e 29 editoras receberam ordens para fechar.
Essas medidas, que se dão após o fechamento de outros meios de comunicação suspeitos de terem ligação com Gulen, vão alimentar ainda mais as preocupações entre grupos de defesa de direitos e governos ocidentais sobre a escala do expurgo realizado por Erdogan após o golpe.
Os EUA afirmaram nesta quarta-feira que entendiam a necessidade da Turquia de responsabilizar os autores da tentativa de golpe, mas disseram que a prisão de mais jornalistas era parte de uma “tendência preocupante”.
Mais cedo nesta quarta, a Turquia ordenou a detenção de mais 47 jornalistas como parte da repressão aos simpatizantes de Gulen.
No entanto, a lista de nomes inclui pessoas reconhecidamente de esquerda que não compartilham a visão religiosa de Gulen, aumentando as preocupações de que a repressão possa estar atingindo pessoas de forma indiscriminada simplesmente porque eles são críticos de Erdogan e do governo.
(Reportagem de Tulay Karadeniz, Gulsen Solaker em Ancara, e Humeyra Pamuk e Can Sezer em Istambul)