Por Ali Kucukgocmen
ISTAMBUL (Reuters) - A Turquia pediu nesta segunda-feira que a verdade absoluta sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi seja revelada, à medida que o procurador-geral da Arábia Saudita realiza conversas em Istambul.
A morte de Khashoggi dentro do consulado saudita em Istambul há quase quatro semanas se tornou uma crise para o maior exportador de petróleo do mundo, que inicialmente negou ter qualquer conhecimento ou papel no assassinato.
O procurador-geral saudita, Saud Al Mojeb, chegou a Istambul de madrugada, dias depois de contradizer semanas de comunicados do reino ao afirmar que o assassinato de Khashoggi foi premeditado. Nesta segunda-feira, ele se encontrou com o procurador-chefe de Istambul.
"Toda a verdade precisa ser revelada", disse o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, em coletiva de imprensa. "Acreditamos que essa visita é importante para que estas verdades venham à tona".
Khashoggi, colunista do jornal Washington Post e crítico do governante de fato da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, foi assassinado dentro do consulado, onde foi solicitar documentos para se casar.
Inicialmente, autoridades sauditas insistiram que Khashoggi deixou o complexo no dia 2 de outubro depois de finalizar o trâmite burocrático. Autoridades turcas, por outro lado, disseram acreditar que o jornalista foi morto dentro do consulado por uma equipe enviada da Arábia Saudita.
Os numerosos relatos de Riad sobre o assassinato abalaram o relacionamento do príncipe Mohammed com o Ocidente.
Cavusoglu pediu que Riad conclua a investigação o mais rápido possível.
A emissora estatal turca TRT Haber disse que autoridades sauditas presentes na reunião desta segunda-feira pediram acesso a todos os arquivos da investigação, incluindo evidências, depoimentos e filmagens, e que o pedido foi negado.
Procuradores turcos na reunião, que durou pouco mais de uma hora, repetiram a solicitação de Ancara de que 18 suspeitos sejam levados à Turquia e que a localização do corpo de Khashoggi seja revelada, segundo a emissora.
A agência de notícias turca Anadolu disse que Mojeb deve inspecionar o consulado saudita.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, expressou ceticismo com as explicações alternadas de Riad para o assassinato e pediu que o reino puna todos os responsáveis, por mais graduados que sejam.
Entre os suspeitos que a Turquia quer extraditados está uma equipe de segurança de 15 homens que Ancara diz ter chegado de avião horas antes do assassinato e de tê-lo executado. No sábado Erdogan disse que o pedido de extradição está sendo encaminhado à Arábia Saudita.
(Reportagem adicional de Stephen Kalin em Riad)