Por Nick Tattersall e Humeyra Pamuk
ISTAMBUL/KARKAMIS, Turquia (Reuters) - As forças da Turquia irão permanecer na Síria pelo tempo que for necessário para livrar a fronteira de homens do Estado Islâmico e de outros militantes, disse o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, nesta sexta-feira, depois que um caminhão-bomba de insurgentes curdos matou ao menos 11 policiais.
O ataque suicida no quartel da polícia de uma província que faz fronteira com a Síria e o Iraque aconteceu dois dias depois de a Turquia iniciar sua primeira grande incursão militar em solo sírio, uma operação que visa expulsar o Estado Islâmico da área da divisa e impedir milícias curdas de ocupar territórios.
A Turquia, que integra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e faz parte da coalizão dos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, sofreu neste ano uma série de ataques letais com bomba que atribui a radicais islâmicos.
Mas Ancara também teme que as milícias curdas presentes na Síria capturem uma porção de território na divisa e encoraje insurgentes curdos em próprio solo turco.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, afirmou que o ataque suicida na província de Sirnak irá aumentar a determinação da Turquia no combate a grupos terroristas em casa e no exterior.
Yildirim disse não haver dúvida de que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que mantém uma insurgência viva há três décadas para obter autonomia para os curdos, é o responsável.
"Desde o início estamos defendendo a integridade territorial da Turquia. Também estamos defendendo a integridade territorial da Síria. O objetivo destas organizações terroristas... é formar um Estado nestes países... eles jamais terão sucesso", disse Yildirim durante uma coletiva de imprensa em Istambul.
"Continuaremos nossas operações (na Síria) até garantirmos plenamente a segurança das vidas e das propriedades de nossos cidadãos e a segurança de nossa fronteira. Continuaremos até o Daesh (Estado Islâmico) e outros elementos terroristas serem eliminados".
Após sua fala, o PKK assumiu a autoria do ataque à sede da polícia, de acordo com um site filiado ao grupo.
A Síria repudiou a operação turca, apelidada de "Operação Escudo do Eufrates", dizendo ser uma violação de sua soberania. Forças especiais, tanques e aviões de guerra da Turquia lançaram a incursão em apoio aos rebeldes sírios, em sua maioria árabes e turcos, que tomaram a cidade fronteiriça de Jarablus do Estado Islâmico rapidamente na quarta-feira.
Veículos militares turcos entraram e saíram da Síria nesta sexta-feira, segundo testemunhas da Reuters, incluindo uma máquina de construção que ajudou a aplainar o caminho para um tanque. Explosões controladas ressoaram perto da fronteira de Karkamis enquanto forças de segurança turcas removiam minas e armadilhas com explosivos deixadas pelo Estado Islâmico.
(Reportagem adicional de Asli Kandemir, David Dolan, Can Sezer, Cagan Uslu, Edmund Blair em Istambul; Dasha Afanasieva e Orhan Coskun em Ancara; Lisa Barrington e Tom Perry em Beirute) 2016-08-26T163815Z_1_LYNXNPEC7P19Y_RTROPTP_1_MIDEAST-CRISIS-SYRIA-TURKEY.JPG