Por Tuvan Gumrukcu e Tom Balmforth
ANCARA/MOSCOU (Reuters) - Centenas de forças curdas continuam próximas da fronteira nordeste da Síria, apesar de uma trégua mediada pelos Estados Unidos que exige a retirada, e a Turquia pode retomar uma ofensiva na área quando o cessar-fogo terminar, disse o presidente turco, Tayyip Erdogan.
A trégua de cinco dias na ofensiva da Turquia, que visa permitir a retirada de combatentes curdos da milícia YPG da área de fronteira, acaba às 22h locais desta terça-feira.
A Turquia diz que as forças curdas da YPG, que vê como terroristas por causa de seus laços com militantes curdos envolvidos em uma insurgência no sudeste turco, precisam sair de uma "zona segura" que quer estabelecer dentro da Síria.
"A retirada continua", disse Erdogan a repórteres no aeroporto de Ancara antes de voar para a Rússia para conversar com o presidente Vladimir Putin a respeito da Síria.
"De acordo com a informação que recebi do meu ministro da Defesa, estamos falando de cerca de 700-800 que já se retiraram, e o resto, cerca de 1.200-1.300, continuam a se retirar. Foi dito que eles se retirarão", disse Erdogan. "Todos terão que sair, o processo não terminará antes de saírem".
A Turquia iniciou sua operação na divisa quase duas semanas atrás, na esteira da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de recolher as tropas do seu país do norte da Síria.
A debandada norte-americana da Síria foi criticada por parlamentares dos EUA, inclusive alguns dos colegas republicanos de Trump, por ser vista como uma traição de aliados curdos que ajudaram Washington a combater o Estado Islâmico em solo sírio.
Na segunda-feira, Trump disse que parecia que a pausa de cinco dias estava sendo respeitada, apesar de alguns confrontos, e que havia a possibilidade de ir além do prazo desta terça-feira, mas Erdogan disse que os combates podem recomeçar.
"Se as promessas que nos foram feitas pela América não forem cumpridas, continuaremos nossa operação de onde a interrompemos, desta vez com uma determinação muito maior", afirmou.
Ancara diz querer criar uma "zona segura" ao longo de 440 quilômetros da fronteira com o nordeste da Síria, mas até agora seu ataque se concentrou em Ras al Ain e Tel Abyad, duas cidades fronteiriças no centro dessa faixa a cerca de 120 quilômetros de distância uma da outra.
(Reportagem adicional de Ali Kucukgocmen e Ezgi Erkoyun, em Istambul; Ahmed Rashid, em Bagdá; e Andrei Kuzmin, em Moscou)