Por Foo Yun Chee
ESTRASBURGO (Reuters) - O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, exortou o Parlamento Europeu, nesta quarta-feira, a estar aberto a um longo adiamento da desfiliação britânica da União Europeia e a não ignorar a "maioria crescente" de britânicos que querem permanecer no bloco.
Mas o executivo-chefe da UE, Jean-Claude Juncker, disse que as intenções do Reino Unido se tornaram mais misteriosas do que as das esfinges mitológicas que vigiam tumbas antigas.
Na semana passada, líderes da UE concederam ao Reino Unido uma prorrogação curta do prazo do Brexit, de 29 de março para 12 de abril, se o Parlamento britânico não aprovar o acordo de separação combinado com a primeira-ministra, Theresa May.
Tusk disse que 12 de abril é a nova "data do precipício" e que o Reino Unido ainda pode escolher entre um acordo, nenhum acordo, um longo adiamento ou a revogação do Artigo 50, a notificação britânica de que planeja deixar a UE.
"Você não pode trair as 6 milhões de pessoas que assinaram a petição para revogar o Artigo 50, o 1 milhão de pessoas que marchou pedindo uma Votação do Povo ou a maioria crescente de pessoas que querem permanecer na União Europeia", disse Tusk, que preside cúpulas de líderes do bloco, ao Parlamento.
Em um tuíte, ele acrescentou que o Parlamento deveria estar aberto a um longo adiamento se o Reino Unido quiser repensar sua estratégia. Cinquenta e dois por cento dos britânicos optaram pela saída da UE no referendo de 2016.
Os eleitores britânicos parecem estar mudando de ideia, disse o especialista em pesquisas John Curtice na terça-feira, mas não a ponto de se poder apostar em um resultado diferente em outro referendo.
Enquanto o Parlamento britânico começava a debater opções, Juncker disse aos parlamentares que não está claro como o Brexit transcorrerá.
"Eu disse a alguns de vocês que, se compararem o Reino Unido a uma esfinge, a esfinge me pareceria um livro aberto. Veremos no decorrer desta semana como esse livro falará".
O negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, disse que é hora de o Reino Unido fazer sua escolha e aceitar as consequências de sua decisão.
"Esta negociação não é uma negociação comercial. Não se trata de barganhar, de fazer concessões aqui e ali. Nunca trabalhamos neste espírito. Este é um processo de saída", disse.