Por Elizabeth Piper e Kylie MacLellan e William James
LONDRES (Reuters) - A União Europeia poderia ceder ao pedido do Reino Unido por um adiamento curto da desfiliação britânica do bloco se o Parlamento do país votar na semana que vem a favor de um acordo de saída travado, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nesta quarta-feira.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, pediu à UE que permita que seu país adie sua saída em três meses, ou até 30 de junho, e os líderes do bloco devem debater o tema em uma cúpula na quinta-feira.
Tusk disse que seria possível conceder um adiamento curto ao Reino Unido se o Parlamento britânico apoiar o pacto de May, já rejeitado duas vezes, na semana que vem.
Caso isso ocorra, Tusk disse que uma cúpula extraordinária de líderes da UE não será necessária na próxima semana, portanto na iminência da data atual do Brexit, 29 de março. Em caso contrário, pode convocar outra reunião.
"Acredito que um adiamento curto seria possível, mas estará condicionado por uma votação positiva do Acordo de Retirada na Câmara dos Comuns", afirmo Tusk aos jornalistas.
O porta-voz da premiê disse que os comentários de Tusk se alinham ao seu pedido por um adiamento breve.
Ela mesma disse, durante uma sessão tumultuada no legislativo, que não poderia consentir com a perspectiva de um longo adiamento – que poderia dar tempo para o surgimento de abordagens alternativas hipotéticas, mas que revoltariam os apoiadores do Brexit de seu próprio partido.
"Como primeira-ministra, não estou preparada para adiar o Brexit para depois de 30 de junho", disse ela.
May disse que pretende pedir ao Parlamento que vote uma terceira vez seu acordo de saída, mas não informou quando a votação aconteceria.
Se ela não conseguir convencer um número suficiente de parlamentares relutantes a aprovarem seu pacto na semana que vem, o Reino Unido terá que escolher entre solicitar uma prorrogação mais longa ou sair da UE tal como planejado em 29 de março – sem um pacto para suavizar os transtornos econômicos.
Como as derrotas no Parlamento criaram a possibilidade de uma separação do bloco sem acordo, May disse aos parlamentares nesta quarta-feira que continua comprometida a desligar seu país "de forma ordeira".
Seu anúncio de um pedido de adiamento de três meses causou revolta na Câmara. O opositor Partido Trabalhista acusou a premiê de "chantagem, truculência e suborno" em suas tentativas de fazer o acordo passar, e um defensor destacado do Brexit de seu próprio Partido Conservador disse que buscar um adiamento é "trair o povo britânico".
(Reportagem adicional de Kate Holton e Alistair Smout em Londres e Alastair MacDonald em Bruxelas)