TUNIS (Reuters) - A União Europeia disse nesta terça-feira que está preocupada com uma onda de prisões de figuras da sociedade civil, jornalistas e ativistas políticos e exigiu esclarecimentos da Tunísia, que passa por uma crise política cada vez mais intensa.
A polícia tunisiana invadiu a sede da ordem dos advogados na segunda-feira pela segunda vez em dois dias e prendeu Mahdi Zagrouba, depois de deter Sonia Dahmani, outra advogada crítica do presidente, durante o fim de semana.
Naquele dia, dois jornalistas da rádio IFM, Mourad Zghidi and Borhen Bsaiss, também foram presos, após comentários no rádio e nas redes sociais, segundo seus advogados.
"Liberdades de expressão e associação, assim como a independência do judiciário, são garantidas pela Constituição Tunisiana e constituem a base da nossa parceria", disse a UE, em comunicado.
Na semana passada, a polícia prendeu ativistas da sociedade civil, como Saadia Mosbah, por suspeitas de ajudar imigrantes da região subsaariana a ficarem na Tunísia e por supostos abusos financeiros, segundo advogados.
O presidente tunisiano, Kaïs Saïed, disse neste mês durante uma reunião do Conselho de Segurança Nacional que a situação dos imigrantes levanta dúvidas sobre quem realmente está por trás dela.
Ele afirma que autoridades da sociedade civil em defesa dos direitos dos imigrantes são "traidores", que contariam com financiamento estrangeiro.
Saïed assumiu o poder após eleições livres em 2019, mas, dois anos depois, ele fechou o Parlamento eleito e governou por decreto.
Ele também assumiu autoridade sobre o Judiciário, o que, para a oposição, foi um golpe de Estado. Saïed alega que suas medidas foram legais e necessárias para acabar com anos de caos e corrupção.
(Redação da Tunísia)