Por John Irish e Tangi Salaün e Guillaume Frouin
PARIS/NANTES (Reuters) - Emmanuelle Dubourg Davy, enfermeira de uma unidade de tratamento intensivo, sente que uma guerra foi declarada e sabe que seu hospital em Anger, cidade do oeste da França, será inundada em breve por pacientes de coronavírus gravemente doentes.
O hospital-escola armazenou aventais cirúrgicos, máscaras e gel antisséptico, e escalas foram reformuladas para aumentar as horas de trabalho. Até agora, só 3 dos 24 leitos de UTI estão ocupados por pacientes de coronavírus, mas poucos de seus colegas duvidam que uma onda está a caminho.
"Estamos em pé de guerra, como se estivéssemos cavando trincheiras", disse ela.
Em toda a Europa, a pandemia está submetendo os sistemas de saúde pública a um estresse inédito, já tendo colocado a rede hospitalar da Itália de joelhos e levado a da Espanha à beira do colapso.
Agora que a espiral de infecções está subindo e as fatalidades disparando, a França é a próxima da fila, e o Reino Unido parece estar só alguns dias atrás.
Hoje a França tem quase 20 mil casos confirmados de coronavírus e cerca de 860 mortes. Dois de cada cinco dos 5 mil leitos de UTI do país já estão ocupados por pacientes de coronavírus.
No leste francês, no entorno de Estrasburgo e Mulhouse, cenário do segundo maior surto depois da região de Paris, as UTIs já estão sobrecarregadas. O Exército está montando um hospital de campanha e transferindo pacientes para outras cidades.