GENEBRA (Reuters) - Autoridades das Nações Unidas estão se preparando para lançar uma campanha de vacinação contra a poliomielite em Gaza no domingo, que contará com uma série de pausas limitadas nos combates entre as forças israelenses e os militantes do Hamas no enclave sitiado.
A Organização Mundial da Saúde afirma que precisará vacinar pelo menos 90% das crianças em Gaza para que a campanha seja bem-sucedida, mas enfrenta grandes desafios no enclave palestino, que foi amplamente destruído por quase 11 meses de guerra.
A campanha foi organizada depois que a OMS informou, em 23 de agosto, que um bebê havia ficado paralisado devido ao vírus da poliomielite tipo 2, o primeiro caso desse tipo no território em 25 anos, e as agências da ONU pediram um esforço urgente de vacinação.
Cerca de 1,2 milhão de doses de vacina já foram entregues a Gaza antes da campanha, que tem como objetivo vacinar mais de 640 mil crianças, disse uma autoridade da OMS na sexta-feira. Outras 400.000 doses estão a caminho do território, afirmou Rik Peeperkorn, representante da OMS para os territórios palestinos ocupados.
As pausas planejadas não têm relação com as negociações que estão em andamento há meses para tentar chegar a um acordo sobre o fim dos combates em Gaza e o retorno de reféns israelenses e estrangeiros em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
A COGAT, agência israelense que coordena a administração nos territórios palestinos ocupados, disse que as pausas seriam coordenadas como parte de uma série de pausas humanitárias implementadas periodicamente desde o início da campanha israelense em Gaza, em outubro passado.
O Hamas também concordou com as pausas, que, segundo a ONU, são necessárias para o início da campanha. Uma segunda rodada de vacinações será necessária após a conclusão da primeira rodada.
A OMS disse que os militares israelenses e o Hamas concordaram com três pausas separadas de três dias nos combates para permitir que a primeira rodada de vacinação seja realizada pelas agências da ONU em coordenação com o Ministério da Saúde palestino.
Mais de 2.180 funcionários foram treinados para fornecer vacinas e informações sobre a campanha à população de Gaza.
As pausas, que devem durar três dias, entre 6h e 15h, começarão na região central de Gaza, antes de seguirem para o sul e depois para o norte de Gaza. No entanto, devido aos desafios logísticos e de segurança enfrentados pela campanha, pode ser necessário um dia a mais para cada rodada, disseram as autoridades da OMS.
A maioria dos hospitais de Gaza foi danificada ou destruída, com apenas 17 dos 36 hospitais do território funcionando parcialmente e menos da metade dos 132 centros de saúde primários ainda em funcionamento, de acordo com os números da OMS.
(Reportagem de Friederike Heine)