Por Philip Pullella e Margarita Antidze
YEREVAN (Reuters) - O Vaticano reagiu neste domingo a uma representação pela Turquia do Papa Francisco como tendo uma "mentalidade de cruzada" depois de ele ter usado a palavra "genocídio" para descrever o massacre de 1,5 milhão de armênios um século atrás.
"O papa não está em uma Cruzada. Ele não está tentando organizar guerras ou construir muros, mas ele quer construir pontes", disse o porta-voz Padre Federico Lombardi a jornalistas. "Ele não disse uma palavra contra o povo turco."
Falando ao presidente da Armênia, ao governo e a diplomatas na sexta-feira, Francisco saiu de seu texto preparado para usar a palavra "genocídio", uma descrição que enfureceu a Turquia quando ele a usou pela primeira vez, há um ano.
O vice primeiro-ministro da Turquia Nurettin Canikli disse no sábado que era "muito lamentável" que o Papa havia usado a palavra, acrescentando: "Infelizmente é possível ver todos os reflexos e traços da mentalidade de cruzada nas ações do papado e do papa."
Francisco usou a palavra pela primeira vez no ano passado em uma cerimônia realizada no Vaticano. Uma Turquia enfurecida respondeu com a retirada de seu embaixador do Vaticano e mantendo-o afastado por 10 meses.
A Turquia aceita que muitos armênios cristãos vivendo no Império Otomano tenham sido mortos em disputas com as forças otomanas durante a Primeira Guerra Mundial, mas contesta os números e nega que as mortes tenham sido sistematicamente orquestradas e que constituam um genocídio. O país também afirma que muitos muçulmanos turcos morreram naquela época.
No domingo de manhã, no último grande evento de sua viagem de três dias à Armênia, o papa Francisco fez nova referência ao massacre, prestando homenagem às "muitas vítimas de ódio que sofreram e deram suas vidas pela fé."