Por Flavio Lo Scalzo
VENEZA, Itália (Reuters) - Veneza testou nesta sexta-feira barreiras para conter inundações em uma demonstração pública, meses depois que o aumento das marés inundou canais, praças e palácios históricos da cidade.
O projeto Mose --elaborado em 1984, mas ainda incompleto uma década após a data prevista para entrar em operação-- foi palco de escândalos de corrupção e custos excedentes.
O premiê da Itália, Giuseppe Conte, participou do teste e iniciou o sistema computadorizado que ergueu simultaneamente todos os 78 portões gigantes de comporta acima da água pela primeira vez.
"Estamos aqui para um teste, não um desfile", disse Conte, enquanto multidões que protestavam contra os gigantescos navios de cruzeiro de onde costumam desembarcar milhares de turistas diariamente eram mantidas a uma distância segura.
A crise desencadeada pelo novo coronavírus paralisou temporariamente o turismo de massa.
Conte reconheceu a corrupção "vergonhosa" que perseguiu o projeto, mas disse que agora é hora de todos, inclusive os manifestantes, olharem para o futuro.
"Todos temos que torcer para que funcione", afirmou ele.
A barreira anti-inundação, que custou bilhões de euros, não deve estar totalmente funcional até o próximo ano.
As piores inundações em mais de 50 anos deixaram a histórica Praça de São Marcos debaixo de mais de um metro de água em novembro de 2019.
Uma vez operacional, o sistema Mose foi projetado para proteger Veneza de marés de até 3 metros, muito além do recorde atual, mas alguns especialistas temem que ele fique sobrecarregado pela elevação do nível do mar prevista pelos recentes modelos de mudança climática.