CARACAS (Reuters) - Um vereador opositor venezuelano que foi detido na semana passada, apontado como envolvido na explosão de dois drones durante um ato militar acompanhado pelo presidente Nicolás Maduro, morreu ao cair do décimo andar de uma sede da polícia em Caracas, informou nesta segunda-feira o procurador-geral.
Tarek Saab disse que os fatos estão sendo investigados pela Procuradoria e acrescentou que o vereador Fernando Albán solicitou permissão alegando precisar ir ao banheiro e se jogou do 10º andar de uma das sedes da polícia de inteligência (Sebin), onde estava detido desde sexta-feira.
O ministro do Interior, Néstor Reverol, informou no Twitter (NYSE:TWTR) poucos minutos depois que o detido estava “na sala de espera do Sebin, quando se jogou das instalações por uma janela, caindo no vazio, ocasionando a morte”.
Albán também era investigado por “atos desestabilizadores comandados do exterior”, acrescentou Reverol.
Líderes do partido opositor Primeiro Justiça, do qual Albán era membro, asseguraram que sua prisão foi por conta de denúncias por violações de direitos humanos que o vereador apresentou em reuniões recentes na Organização das Nações Unidas, em Nova York. Até agora, as autoridades não haviam fornecido razões pela detenção.
O advogado do vereador, Joel García, disse a jornalistas que no domingo, quando o viu em tribunal, o detido “não estava golpeado, estava bem”. García acrescentou que Albán disse que “não havia sido objeto de tortura, e sim de muito interrogatório. Não tinha nenhum arranhão”.
Pelo menos 30 pessoas estão sendo investigadas pela explosão dos drones, entre eles o deputado opositor Juan Requesens, também do partido Primeiro Justiça e que permanece preso há mais de um mês. Sua família disse que ele está incomunicável.
O governo da Venezuela e o próprio presidente socialista dizem que a explosão dos drones em 4 de agosto foi uma tentativa de “magnicídio”.
Críticos de Maduro afirmam que o presidente está usando o incidente para sufocar sua oposição e consolidar seu poder, num momento em que a Venezuela enfrenta uma recessão econômica e escassez, fazendo com que muitos deixem o país.
Um grupo de deputados da rede política de Albán seguia à sede do Sebin para buscar explicações, disseram dois parlamentares.
“O governo sequestrou o vereador vivo e ele morreu em suas mãos”, disse o deputado opositor Ángel Alvarado. “Albán era um homem de Deus que jamais atentaria contra sua própria vida”, afirmou.
(Reportagem de Corina Pons, Vivian Sequera e Mayela Armas)