Por Corina Pons e Alexandra Ulmer
CARACAS (Reuters) - A Venezuela informou nesta quinta-feira ter prendido 11 importantes executivos do principal banco privado do país, o Banesco, por “ataques” contra a moeda do país, na mais recente ação do governo de Nicolas Maduro contra o setor privado.
As prisões foram feitas após dois executivos venezuelanos da petrolífera norte-americana Chevron terem sido presos na Venezuela de forma inesperada no mês passado.
A Venezuela sofre um processo hiperinflacionário da moeda bolívar, que Maduro atribui a uma “guerra econômica” e que críticos do governo atribuem a incompetência e fracasso de políticas.
Adversários de Maduro dizem que ele está reprimindo o setor privado para tentar ganhar apoio e interromper aumentos de preços antes da eleição presidencial de 20 de maio, que os principais partidos da oposição boicotaram, dizendo ser uma fraude.
O procurador-geral venezuelano, Tarek Saab, anunciou as prisões em entrevista coletiva televisionada, mas não deu evidências de atos irregulares ou respondeu perguntas.
“Nós determinamos a suposta responsabilidade dos executivos por uma série de irregularidades, por ajudar a esconder ataques contra a moeda venezuelana com objetivo de demolir a moeda venezuelana", disse Saab.
O presidente do Banesco, Juan Carlos Escotet, que mora na Espanha, criticou as prisões como “desproporcionais” e disse que viajará à Venezuela para tentar libertar os 11 executivos, que incluem o presidente-executivo, Oscar Doval.
“Nas próximas horas irei pegar um avião à Venezuela. Nós estamos tentando bater em todas as portas para que este problema seja esclarecido e eles sejam libertados como merecem estar”, disse Escotet, filho de espanhóis que nasceu na Venezuela e possui ambas nacionalidades, em vídeo publicado no Twitter.
Escotet tem sido um frequente alvo de críticas de um dos principais nomes do partido governista Diosdado Cabello, que recentemente anunciou que o governo venezuelano estaria comprando o Banesco. Escotet negou qualquer venda.
Escotet se afastou temporariamente de seu cargo como presidente do conselho do Abanca, banco sediado na Galícia, informou nesta quinta-feira a instituição financeira em comunicado ao regulador do mercado de ações da Espanha.
A oposição da Venezuela informou que as prisões são outro sinal da guinada de Maduro ao autoritarismo.
"O governo irresponsável... continua a negar sua responsabilidade na destruição de nosso bolívar. Agora eles estão atacando o Banesco. Isto irá somente gerar mais crise e miséria”, escreveu no Twitter o parlamentar da oposição Carlos Valero.