Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco estudará seriamente a possibilidade de fazer uma visita inédita à Coreia do Norte, mas certas condições precisam ser atendidas, disse uma autoridade de alto escalão do Vaticano.
Tal viagem seria um acontecimento histórico em uma nação conhecida por suas restrições severas à prática religiosa, e seria a primeira de um papa ao país asiático recluso, que não permite que padres se instalem de maneira permanente em seu território.
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, transmitiu um convite verbal do líder norte-coreano, Kim Jong Un, ao pontífice durante um encontro de 35 minutos no Vaticano na quinta-feira.
"O papa expressou sua disposição. Temos que esperar que (o convite) seja formalizado", disse o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano e segunda maior autoridade da Santa Sé, aos repórteres na noite de quinta-feira.
Indagado se existem condições que Pyongyang precisa atender, Parolin, que falava nos bastidores da apresentação de um livro, respondeu: "Isso virá mais tarde, assim que começarmos a pensar seriamente na possibilidade de fazer tal viagem teremos que pensar nas condições em que a viagem pode acontecer".
"(O papa) está disposto a fazer a viagem, mas uma viagem deste tipo precisará de grandes preparativos", acrescentou Parolin, que se encontrou separadamente com Moon depois da reunião deste com Francisco.
A Constituição da Coreia do Norte garante a liberdade religiosa contanto que ela não mine o Estado. Mas além de alguns poucos locais de culto sob controle estatal – incluindo uma igreja católica na capital Pyongyang – não se permite nenhuma atividade religiosa explícita, e as autoridades prenderam missionários estrangeiros diversas vezes.
Há pouca informação sobre quantos de seus cidadãos são católicos e de como praticam sua fé.
Kim falou a Moon, ele mesmo católico, de seu desejo de conhecer o pontífice durante uma reunião no mês passado, e antes de sua viagem o líder sul-coreano anunciou que transmitiria a mensagem.
O papa, que deve visitar o Japão no ano que vem, disse a Moon que "certamente responderá" a um convite de Kim se este vier, segundo o gabinete de Moon.
Uma reunião com o papa Francisco seria o mais recente de uma série de encontros diplomáticos de vulto de Kim neste ano.
As duas Coreias realizaram três cúpulas neste ano. Kim também teve uma cúpula inédita com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Cingapura em junho, e prometeu trabalhar em prol da desnuclearização da península coreana.