Por Tyler Clifford
(Reuters) - A Polícia do Estado de Illinois divulgou nesta segunda-feira o vídeo de um vice-xerife matando uma mulher que estava em casa neste mês, revelando detalhes de um tiroteio que alguns compararam a casos de grande repercussão em que a polícia usou força excessiva contra negros norte-americanos.
Sean Grayson, policial branco que foi demitido do Gabinete do Xerife do Condado de Sangamon e que recebeu três acusações de homicídio em primeiro grau na semana passada, disparou três tiros contra a mulher, Sonya Massey, de acordo com o indiciamento. Ele também enfrenta um indiciamento de agressão agravada e um de má conduta oficial.
"A morte de Sonya nas mãos de um policial nos lembra que, com muita frequência, os negros americanos temem por sua segurança de uma forma que muitos de nós não temem", disse o presidente norte-americano, Joe Biden, em um comunicado nesta segunda-feira.
"Elogio as medidas tomadas pelo gabinete do Procurador do Estado. Enquanto esperamos que o caso seja processado, vamos orar para confortar o luto", disse ele, pedindo aos parlamentares que aprovem um projeto de reforma policial que está paralisado. O projeto tem o nome de George Floyd, que foi sufocado até a morte por um policial branco em 2020.
Grayson, de 30 anos, e um segundo policial foram chamados à casa de Massey em Springfield, a cerca de 322 km de Chicago, para investigar uma denúncia de um suspeito "invasor", em 6 de julho às 12h50, de acordo com o indiciamento.
O vídeo, gravado por câmeras usadas pelos policiais, mostra Massey, de 36 anos, em sua cozinha retirando uma panela de água fervente do fogão, a pedido deles. Enquanto ela fazia isso, o policial que a acompanhava, que não teve seu nome revelado, saiu da cozinha e foi para a sala de estar. Ele disse que queria se distanciar da água fervente.
Massey então disse: "Eu o repreendo em nome de Jesus", após o que Grayson apontou sua arma para ela e ameaçou atirar em seu rosto.
Quando Grayson a instruiu a largar a panela, Massey disse: "Me desculpe" e começou a se abaixar. Grayson novamente a instruiu a largar a panela. O segundo policial então sacou sua arma de fogo.
Durante essa troca de palavras, Massey não fez ameaças verbais aparentes nem qualquer movimento na direção dos policiais.
Grayson deu dois passos em direção à cozinha, gritou para que ela largasse a panela novamente e começou a atirar. Ele então alertou seus superiores que havia atirado no rosto de Massey e ligou sua câmera corporal. Todo o incidente foi capturado pela câmera do segundo policial.
O segundo policial começou a prestar socorro a Massey dois minutos e seis segundos depois que ela foi baleada.
"É chocante. Quero dizer, cada parte do vídeo", disse Ben Crump, um proeminente advogado de direitos civis que está representando a família de Massey, em uma reunião.
Crump disse que Massey pode ter aparentado ter problemas de saúde mental, mas o policial não tinha justificativa para usar força letal. O vídeo mostra que ela não era agressiva nem ameaçadora para os policiais, disse ele.
"Imagine se não houvesse um vídeo, qual teria sido a narrativa", disse Crump.
O advogado de Grayson, Daniel Fultz, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O réu está preso até sua próxima audiência, em 26 de agosto.
(Reportagem de Tyler Clifford em Nova York)