Por Nadine Awadalla
CARTUM (Reuters) - A oposição do Sudão culpou o governo militar nesta terça-feira pelos novos episódios de violência que complicam os esforços para negociar uma transição para um governo civil, na esteira do afastamento do presidente Omar al-Bashir, no mês passado.
Ao menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas durante protestos na segunda-feira. O Conselho Militar para a Transição Civil (TMC) e a aliança opositora Forças de Declaração de Liberdade e Mudança (DFCF) disseram ter chegado a um acordo parcial para uma transição.
Tiros ressoaram na capital durante a noite após a unidade paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) – cujo chefe é o vice-líder do conselho militar – sair em patrulha pelas ruas usando gás lacrimogêneo e armas para interromper as manifestações.
Os manifestantes, que querem continuar pressionando os militares por uma transferência de poder rápida, voltaram nesta terça-feira, interditando ruas e pontes com tijolos e pedras, como mostraram imagens publicadas em redes sociais.
"As balas que foram disparadas ontem foram das Forças de Apoio Rápido, e responsabilizamos o conselho militar pelo que aconteceu ontem", disse Khalid Omar Youssef, figura destacada do DFCF, numa coletiva de imprensa.
"Embora eles tenham afirmado que uma terceira parte fez isso, testemunhas oculares confirmaram que esta parte usava veículos e uniformes das Forças Armadas, por isso o conselho militar precisa revelar esta parte".
As fatalidades de segunda-feira foram as primeiras ocorridas durante protestos em várias semanas depois dos meses de manifestações que levaram à queda de Bashir.
(Por Nadine Awadalla, Eltayeb Siddig, Ali Abdelaty e Omar Fahmy)