Por Alvise Armellini
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Sobreviventes de abusos sexuais cometidos por sacerdotes católicos do Reino Unido e da Irlanda disseram nesta quinta-feira que finalmente se sentiram validados após reuniões "transformadoras" com o papa Francisco e com líderes da ordem dos Missionários Combonianos.
Os sobreviventes foram abusados quando adolescentes nas décadas de 1960 e 1970, enquanto estudavam para serem padres missionários em um seminário comboniano em Yorkshire, no norte da Inglaterra.
Em 2014, os Combonianos fizeram um acordo para resolver um processo civil movido por 11 ex-alunos, mas sem admitir responsabilidades. A liderança da ordem questionou os relatos das vítimas e se recusou a se encontrar com elas.
Essa postura mudou, disseram os sobreviventes depois que um grupo deles conversou em Roma com representantes da ordem e da Igreja Católica inglesa e teve uma audiência de 45 minutos com o papa no Vaticano.
“Sentimos que não só fomos ouvidos, mas acreditados pela liderança comboniana, algo que nos trouxe uma sensação de tranquilidade. Essa foi uma experiência transformadora para nós, validando a nossa busca por justiça e diálogo”, disseram as vítimas.
Numa declaração conjunta com o grupo de sobreviventes, os Missionários Combonianos pediram desculpas pelos abusos cometidos no passado, disseram estar "muito arrependidos pelas vezes em que não respondemos adequadamente" e pediram "mais uma vez perdão".
O abuso sexual clerical e os escândalos de acobertamento abalaram por décadas a Igreja Católica Romana, de quase 1,38 bilhão de membros, minando sua autoridade moral e cobrando um preço alto em termos financeiros e em fiéis perdidos.
(Reportagem de Alvise Armellini)