CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Um grupo de vítimas de abuso da Igreja Católica e seus defensores pediram ao papa Francisco nesta quarta-feira que imponha "tolerância zero" contra o abuso sexual clerical, após concluirem uma peregrinação de seis dias a Roma carregando uma grande cruz de madeira.
Os viajantes caminharam 130 quilômetros ao longo do último trecho da Via Francigena, uma trilha medieval que liga Canterbury, na Inglaterra, a Roma, antes de uma importante reunião de cúpula do Vaticano sobre o futuro da Igreja, que começa na próxima semana.
A peregrinação "mostra a determinação dos sobreviventes de vir para entregar sua mensagem ao papa Francisco... de que deve haver uma lei universal da igreja de tolerância zero", disse o advogado norte-americano Timothy Law, cofundador da Ending Clergy Abuse (ECA).
"Qualquer coisa menos do que isso não é adequada", acrescentou.
Os escândalos de abuso sexual e acobertamento destruíram a reputação da Igreja Católica e têm sido um grande desafio para o papa, que aprovou uma série de medidas destinadas a responsabilizar mais a hierarquia da Igreja, com resultados mistos.
Law disse que sua organização deseja que Francisco ordene a remoção imediata do ministério de padres suspeitos de abuso, a demissão de bispos culpados de encobrimento e a comunicação obrigatória de casos de abuso a autoridades civis, e não religiosas.
Francisco tem prometido "tolerância zero" em relação ao abuso na igreja, mas críticos dizem que suas reformas e diretrizes não foram suficientemente longe e foram adotadas de forma desigual pelas igrejas católicas nacionais.
Os ativistas da ECA foram a Roma na preparação para o sínodo, uma reunião dos bispos do mundo todo no Vaticano, de 4 a 29 de outubro. A reunião deve discutir, entre outros temas, a atribuição de um papel maior às mulheres na Igreja e a abordagem em relação às pessoas LGBT.
(Por Antonio Denti e Alvise Armellini)