Por Andrew MacAskill e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, enfrentará duas votações cruciais no Parlamento nesta terça-feira que decidirão se ele conseguirá cumprir a promessa de tirar o país da União Europeia dentro do prazo que expira em nove dias.
Com a aproximação do prazo de separação em 31 de outubro, o Brexit fica em compasso de espera enquanto um Parlamento dividido debate quando, como e até se a ruptura deveria acontecer.
Depois de ser obrigado por oponentes a se humilhar pedindo à UE um adiamento que havia jurado nunca buscar, Johnson está tentando forçar a aprovação de uma legislação que concretizará seu acordo do Brexit de última hora na Câmara dos Comuns.
Em mais um dia de grande expectativa, parlamentares votarão o projeto de lei do acordo de retirada por volta das 15h (horário de Brasília) e depois o cronograma extremamente apertado do governo para aprovar a legislação.
"Espero que hoje o Parlamento vote para retomar o controle de si mesmo", disse Johnson, o garoto-propaganda da bem-sucedida campanha pró-desfiliação da UE no referendo de 2016.
"O público não quer mais nenhum adiamento, nem os outros líderes europeus nem eu. Vamos realizar o Brexit em 31 de outubro e seguir em frente".
Uma derrota em qualquer das votações arruinaria os planos do premiê de deixar o bloco com ou sem um acordo no final do mês. Ele teria que decidir se acata uma lei que exige que ele aceite qualquer prorrogação do Brexit oferecida pela UE ou se rompe com esta sem um acordo de alguma maneira.
Uma vitória, mesmo sendo um indicador imperfeito de um possível apoio ao acordo de Johnson, simplesmente criaria outra oportunidade para seus rivais emboscarem o governo no Parlamento com emendas que poderiam acabar com os planos de Johnson exigindo um relacionamento pós-Brexit muito mais estreito com o bloco.
A libra esterlina estava cotada a 1,2943 dólar na bolsa de Londres. Os mercados de moedas estrangeiras já contam que o Reino Unido sairá sem um acordo, adiará o Brexit ou ambos.
Se o premiê for derrotado nesta terça-feira, muito dependerá de como a UE lidará com mais um dilema do Brexit.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que está debatendo o pedido de uma prorrogação do Brexit com os líderes dos outros 27 países-membros e que tomará uma decisão "nos próximos dias".
"Um Brexit sem acordo jamais será nossa decisão", disse Tusk ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, sendo aplaudido pelos parlamentares.
(Reportagem adicional de Elizabeth Piper e William James em Londres e John Chalmers em Bruxelas)