Por Tabita Diela e Gayatri Suroyo
JACARTA (Reuters) - O presidente da Indonésia, Joko Widodo, parecia a caminho de conquistar a reeleição nesta quarta-feira, quando resultados de uma "contagem rápida" foram publicados, mas seu desafiante disse ter vencido a votação popular e fez um apelo aos apoiadores para que não deixem a vitória ser retirada das suas mãos.
Dados de institutos de pesquisa privados, baseados em contagens parciais de amostras de votos, mostraram vitória de Widodo, ex-fabricante de móveis que cresceu em uma favela à beira de um rio e primeiro líder nacional de fora da elite política e militar.
Os melhores números para o presidente vieram do instituto CSIS, sediado em Jacarta, que colocam Widodo com 55,7 por cento contra 44,3 por cento dos votos de seu adversário, o ex-general Prabowo Subianto, depois da contagem de três quartos de sua amostragem.
"Entraram dados suficientes para retratarem um quadro claro", disse Kevin O’Rourke, analista político e autor da newsletter Reformasi Weekly, focada na Indonésia.
"A vitória de Widodo não é retumbante, já que ele não obteve o nível psicológico de 60 por cento que parecia ao alcance. Prabowo se saiu melhor do que o esperado, o que pode estimulá-lo a concorrer novamente em 2024, se estiver suficientemente em forma", disse O'Rourke.
Prabowo, no entanto, disse em uma coletiva de imprensa que, com base em pesquisas internas e números da "contagem rápida", sua campanha acredita que seu resultado na votação estava na faixa entre em 52 e 54 por cento dos votos.
"Nós notamos vários incidentes que prejudicaram os apoiadores desta chapa", disse ele, sem dar detalhes. "Nossos voluntários devem se concentrar na salvaguarda das urnas, porque eles são fundamentais para a nossa vitória."
O presidente conhecido popularmente como Jokowi tem uma imagem de homem comum que ecoou no eleitorado cansado da velha guarda em 2014. A eleição de então também foi uma disputa com Prabowo, ex-genro do líder militar Suharto, deposto em 1998.
A diferença de votos foi de cerca de 6 pontos percentuais cinco anos atrás.
A votação desta quarta-feira, que decide a Presidência e vagas na legislatura de um país de mais de 5 mil quilômetros de extensão entre seus extremos oeste e leste, foi um feito logístico hercúleo e um testemunho da resistência da democracia duas décadas após a derrota do autoritarismo.
A eleição veio na esteira de uma campanha dominada por temas econômicos, mas também foi marcada pela influência crescente do islamismo conservador na maior nação de maioria muçulmana do mundo.
Os resultados oficiais só serão publicados em maio. Qualquer disputa pode ser levada ao Tribunal Constitucional, onde um painel de nove juízes terá 14 dias para se pronunciar a respeito.
(Reportagem adicional de Agustinus Beo da Costa, Maikel Jefriando, Tabita Diela, Kanupriya Kapoor, Jessica Damiana e Cindy Silviana, em Jacarta; Tommy Ardiansyah, em Bogor; e Mas Alina Arifin, em Bandar Lampung)