Por Nathan Layne e Daniel Trotta
(Reuters) - O governador do Estado norte-americano do Wisconsin, Tony Evers, convocou nesta segunda-feira a Guarda Nacional dos Estados Unidos para atuar na cidade de Kenosha, após uma noite de protestos por vezes violentos em consequência de um incidente em que um homem negro foi baleado pelas costas pela polícia.
O governador também convocou uma sessão legislativa especial para desenvolver um pacote de leis com o objetivo de abordar os problemas com as forças policiais após o incidente com Jacob Blake, de 29 anos, no domingo. Os três filhos de Blake assistiram o pai ser baleado, informou um advogado da família.
Depois de ter sido levado a um hospital, Blake passou por cirurgia e está em condição estável, segundo informou seu pai a veículos de imprensa nesta segunda-feira.
Em um vídeo gravado por uma testemunha que estava do outro lado da rua, Blake pode ser visto caminhando até o lado do motorista de um carro cinza, seguido por dois policiais que apontam suas armas em direção às costas do homem. Sete tiros podem ser escutados enquanto Blake, que parece estar desarmado, abre a porta do carro, e uma mulher próxima da cena dá pulos em desespero.
Não é sabido se os policiais viram algo dentro do veículo que tenha provocado os disparos contra Blake. Também não ficou claro se um ou os dois policiais dispararam suas armas.
Pessoas reunidas no local e alguns manifestantes atearam fogo e arremessaram tijolos e coquetéis molotov em direção à polícia, levando as autoridades a fecharem prédios públicos. Ativistas dizem estar organizando mais uma noite de manifestações para a segunda-feira.
Evers, que é do Partido Democrata, condenou o que chamou de "uso excessivo de força e agravamento imediato ao abordar cidadãos negros do Wisconsin". Ele anunciou uma sessão especial na segunda-feira que vem para que os parlamentares estaduais considerem projetos apresentados meses atrás para aprimorar a responsabilização das forças policiais e acabar com práticas perigosas.
"Precisamos nos levantar nesse movimento e nesse momento e encontrar nossa empatia, nossa humanidade e nosso feroz comprometimento para interromper o ciclo de racismo sistêmico e tendencioso que devasta famílias e comunidades", disse Evers, em um pronunciamento público.
Pete Deates, presidente do sindicato de policiais da cidade, a Associação Profissional de Polícia de Kenosha, disse que Evers foi "completamente irresponsável" ao se apressar para julgar o caso, e pediu que a população espere até que os fatos sejam conhecidos por completo.
O episódio aconteceu três meses após a morte de George Floyd, um homem negro que estava sob custódia da polícia de Mineápolis e cuja morte provocou uma série de protestos por todo país contra a brutalidade policial e o racismo estrutural nos Estados Unidos.
O ex-vice-presidente Joe Biden, o democrata que enfrentará o atual presidente Donald Trump, republicano, nas eleições do dia 3 de novembro, pediu nesta segunda-feira que os policiais sejam responsabilizados.
"E nessa manhã o país acorda mais uma vez com luto e indignação diante de mais um americano negro que foi vitimizado pela força excessiva", disse Biden em nota. "Esses tiros perfuram a alma da nossa nação".
(Reportagem adicional de Ann Maria Shibu, em Bengaluru, e Trevor Hunnicutt, em Nova York)