Por Philip Pullella e Gavin Jones
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, pediu ao Papa Francisco no sábado para apoiar o plano de paz de Kiev, e o papa indicou que o Vaticano ajudaria na repatriação de crianças ucranianas levadas pelos russos.
"É uma grande honra", disse Zelenskiy a Francisco, colocando a mão no coração e inclinando a cabeça ao cumprimentar o papa de 86 anos, que estava de pé com uma bengala.
Mais cedo neste sábado, Zelenskiy se encontrou com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que prometeu total apoio militar e financeiro para a Ucrânia e reiterou o apoio à sua proposta de adesão à UE.
Zelenskiy, que visitava Roma pela primeira vez desde o início da guerra, conversou com o papa por 40 minutos e o presenteou com um colete à prova de balas que havia sido usado por um soldado ucraniano e posteriormente pintado com uma imagem de Nossa Senhora.
Um comunicado do Vaticano disse que em suas conversas privadas, Zelenskiy e o papa discutiram "gestos humanitários", que uma fonte do Vaticano disse ser uma referência à disposição do Vaticano de ajudar na repatriação de crianças ucranianas.
Kiev estima que quase 19.500 crianças foram levadas para a Rússia ou para a Crimeia ocupada pela Rússia desde fevereiro de 2022, o que condena como deportações ilegais.
“Devemos fazer todos os esforços para devolvê-los para casa”, disse Zelenskiy em um tweet depois, dizendo que havia discutido o assunto com o papa.
Zelenskiy também disse que pediu ao papa para "se juntar" ao plano de paz de 10 pontos de Kiev.
Ele pede a restauração da integridade territorial da Ucrânia, a retirada das tropas russas e a cessação das hostilidades e a restauração das fronteiras da Ucrânia. Zelenskiy disse repetidamente que o plano não está aberto a negociações.
No início da guerra, o papa tentou adotar uma abordagem equilibrada na esperança de ser um mediador, mas depois começou a condenar vigorosamente as ações da Rússia, comparando-as a alguns dos piores crimes contra a Ucrânia durante a era soviética.
"Pedi (ao papa) que condenasse os crimes russos na Ucrânia. Porque não pode haver igualdade entre a vítima e o agressor", disse Zelenskiy em seu Twitter.
Retornando de uma viagem à Hungria em 30 de abril, Francisco fez um comentário intrigante, mas enigmático, sobre o envolvimento do Vaticano em uma missão para tentar acabar com a guerra. "Há uma missão em andamento agora, mas ainda não é pública. Quando for pública, eu a revelarei", disse ele a repórteres durante seu voo para casa.
Mas a declaração do Vaticano não fez nenhuma menção a tal missão e, posteriormente, em uma entrevista à televisão italiana, Zelenskiy pareceu descartar uma mediação fora do plano de paz do próprio Kiev. "Putin só mata. Não precisamos de uma mediação com ele", disse.
Francisco pediu a paz praticamente semanalmente e expressou repetidamente o desejo de atuar como um intermediário entre Kiev e Moscou, visitando as duas capitais. Até agora, sua oferta falhou em produzir qualquer avanço.
(Reportagem de Philip Pullella; edição por Jason Neely; Reportagem adicional de Olena Harmash, Max Hunder, Gavin Jones e Giselda Vagnoni; edição por Frances Kerry, Helen Popper e Mark Potter)