Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-jogador Zico, que anunciou intenção de concorrer à presidência da Fifa, afirmou nesta quarta-feira que disputar o cargo na organização responsável pelo futebol mundial é mais fácil do que concorrer ao comando da CBF, mas só vai disputar o cargo internacional de fato se a exigência de ter o apoio formal de pelo menos cinco federações nacionais for retirada.
Atualmente qualquer interessado em concorrer ao cargo máximo do futebol mundial só pode registrar candidatura com o endosso de cinco federações filiadas à Fifa, algo que Zico disse ser contra por ser um "prenúncio para a corrupção".
No caso da CBF a indicação é ainda mais complicada: é necessário o apoio de oito federações estaduais e mais cinco clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, o que torna praticamente impossível para uma pessoa que já não seja dirigente do futebol.
"Existe mais possibilidade na Fifa do que na CBF. O ideal era aqui no Brasil, mas infelizmente hoje as regras do jogo não favorecem as pessoas do meio a se candidatar", disse o ex-jogador da seleção brasileira em entrevista coletiva em seu centro de futebol, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Segundo Zico, o também ex-jogador e atual presidente da Uefa, Michel Platini, amigo pessoal do ex-camisa 10 da seleção brasileira, o aconselhou a buscar primeiro o comando da CBF antes de se lançar à Fifa, em uma conversa que ambos tiveram na semana passada em Berlim por ocasião da final da Liga dos Campeões.
"O próprio Platini me aconselhou a buscar primeiro por aqui, mas eu expliquei que é muito complicado", disse.
Sobre a possível eleição à Fifa, Zico disse que só vai formalizar a candidatura se a exigência de ter o endosso de cinco federações for retirada para a próxima eleição, em que será escolhido o substituto de Joseph Blatter.
"Sou contra essa forma de ter que ser indicado por cinco federações, já que pode começar daí uma troca de favores. A eleição deve ser feita pelos seus serviços prestados ao futebol", disse, acrescentando que não conversou com qualquer federação sobre possível apoio a sua candidatura.
Zico anunciou na semana passada interesse em concorrer ao comando da Fifa após a renúncia de Blatter, em consequência de uma investigação de corrupção e suborno realizada pelo FBI que levou sete dirigentes do futebol mundial para a prisão, entre eles o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin.
O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que era vice de Marin, disse na terça-feira que vai permanecer no cargo uma vez que não há denúncias contra ele, cujo mandato começou em abril.
A Fifa disse nesta quarta-feira que vai realizar uma reunião extraordinária de seu comitê executivo em julho para discutir as datas da eleição para escolher o substituto de Blatter.
Zico fez duras críticas a Blatter, a quem acusou de ter conhecimento das irregularidades ocorridas no futebol mundial. Blatter não foi incluído no indiciamento do FBI, mas está sendo investigado, de acordo com as autoridades norte-americanas.
"Tenho 62 anos e só me lembro de dois presidentes da Fifa, João Havelange e Joseph Blatter. Será que só existem essas duas pessoas no futebol?", disse. "Na maioria das vezes, com raríssimas exceções, aquele que comanda está metido no que está acontecendo por baixo."