Por Mfuneko Toyana
PORT ELIZABETH (Reuters) - O presidente sul-africano, Jacob Zuma, alvo de pressão para renunciar por parte do seu próprio partido, o Congresso Nacional Africano (ANC), buscou neste sábado resgatar parte do apoio perdido com o lançamento do manifesto da legenda em Port Elizabeth, onde corre o risco de perder uma importante votação local.
Perder o poder no município de Nelson Mandela Bay, um reduto da luta do ANC contra o apartheid batizado com o nome do herói da libertação, seria uma derrota simbólica para Zuma e seu partido.
Dentro do próprio ANC há pedidos de renúncia de Zuma, desde que um tribunal decidiu neste mês que ele infringiu a Constituição ao ignorar uma ordem para devolver parte dos 16 milhões de dólares em recursos estatais gastos para reformar sua residência privada.
Desviando-se de seus problemas pessoais, Zuma disse às multidões que o ANC faria mais para combater a corrupção, criar empregos e expandir o acesso a serviços básicos como água e eletricidade para milhões de sul-africanos pobres.
“Um voto para o ANC é um voto para uma África do Sul unida, não racial, democrática, não sexista e próspera”, afirmou Zuma a cerca de 40 mil partidários no estádio Nelson Mandela, menos da metade do número esperado de pessoas.
“Compatriotas, o governo local está em suas mãos. Vote no ANC e juntos vamos construir comunidades melhores”, concluiu Zuma, antes de trazer líderes partidários para uma dança tradicional e cantar um hino à liberdade.
Antes mesmo de Zuma finalizar seu discurso, o principal partido de oposição, a Aliança Democrática (DA), enviou inúmeras mensagens de texto automatizadas aos sul-africanos.
“Vocês estão ouvindo as mais vazias promessas de um presidente corrupto. Precisamos de mudança real”, dizia a mensagem.
Muitos sul-africanos estão furiosos com a corrupção no ANC e sentem que o movimento pela libertação não fez o suficiente para tirar pessoas da pobreza desde que Nelson Mandela ocupou o poder em meio a uma onda de otimismo em 1994.
“Se Madiba ainda estivesse vivo, eu seria a primeira a chegar ao estádio”, disse Patricia Domons, de 58 anos, em sua casa em Port Elizabeth, usando o nome de clã de Mandela. “Mas aí você descobre que tem um presidente que rouba, as pessoas são pobres e não têm empregos. Nosso país está afundando e muito precisa mudar.”