Por Sanjeev Miglani e Tommy Wilkes
NOVA DÉLHI (Reuters) - Representantes do governo da Índia irão se encontrar com o Dalai Lama quando ele visitar uma região de fronteira polêmica controlada por Nova Délhi, mas reivindicada pela China, apesar de um alerta de Pequim de que o gesto prejudicaria os laços bilaterais, disseram autoridades.
A Índia afirma que o líder espiritual tibetano irá fazer uma viagem de cunho religioso a Arunachal Pradesh no mês que vem e que, sendo uma democracia secular, não o impediria de ir a qualquer parte do país.
A China reivindica o Estado no leste do Himalaia, que chama de "Tibete do Sul", e criticou visitas de líderes estrangeiros e até indianos à região por vê-las como tentativas de fortalecer os clamores territoriais indianos.
Uma viagem do Dalai Lama, que os chineses encaram como um separatista perigoso, irá elevar as tensões em um momento no qual a Índia está em atrito com a China devido a questões estratégicas e de segurança, e irritada com os laços crescentes de Pequim com o arquirrival Paquistão.
O governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, está intensificando seu engajamento público com o líder tibetano, um rompimento com a relutância de gabinetes anteriores em enfurecer os chineses compartilhando uma plataforma pública com o Dalai Lama.
"É uma mudança comportamental que vocês estão vendo. A Índia é mais afirmativa", disse o ministro do Interior do governo central, Kiren Rijiju, à Reuters em uma entrevista.
Rijiju, que é de Arunachal e o encarregado de Modi para assuntos tibetanos, disse que irá se encontrar com o Dalai Lama, que está visitando o monastério budista de Tawang após um intervalo de oito anos.
"Ele está indo lá como líder religioso, não há motivo para impedi-lo. Seus devotos estão exigindo que ele venha, que mal ele pode fazer? Ele é um lama".
O Ministério das Relações Exteriores chinês disse nesta sexta-feira que a viagem do Dalai Lama causaria sérios danos aos laços Índia-China e alertou Nova Délhi a não lhe proporcionar uma plataforma para atividades anti-China.
"Há muito tempo o séquito do Dalai vem realizando atividades separatistas anti-China, e no tocante à fronteira China-Índia tem um histórico de atuações deploráveis", disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Geng Shuang, em um boletim diário à imprensa.