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10 Mil Horas de Prática Não São Suficientes Para Analista de Ações

Publicado 09.08.2022, 16:30
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Malcom Gladwell, autor de alguns ótimos livros, mas principalmente um ótimo contador de histórias, popularizou uma regra de bolso para se tornar um expert: 10.000 horas de prática seriam necessárias para dominar qualquer assunto.

As 10.000 horas são, de fato, condição necessária – mas não o suficiente. Todo esse tempo não adianta muito se o treino for feito em um ambiente inválido.

Um ambiente é válido para a prática se lhe dá feedback assertivo sobre erros e acertos. Por exemplo, o caso de um estudante que resolve inúmeros problemas de matemática e tem o retorno irrefutável sobre cada um: errou ou acertou. Caso o estudante treine 10.000 horas nesse ambiente, dificilmente não dominará o tópico em questão.

O caso do selecionador de ações me parece um pouco diferente; tenho dúvidas se ele trabalha em um ambiente válido.

Em boa parte do tempo (talvez mais de 50%?), o mercado de ações parece se mover de forma aleatória. O analista dedicou tempo, estudou diversas métricas e fez algumas previsões, qualitativas e quantitativas. Fez sua aposta e executou a compra. O que acontece? Às vezes, a ação sobe. Às vezes, ela cai. A aleatoriedade é companheira infalível da profissão.

Não é preciso forçar muito a memória para encontrar alguns exemplos disso.

Em algum momento de 2019, o otimismo generalizado tomou conta dos mercados. Se a empresa divulgava um bom resultado, a ação subia. Se o resultado fosse ruim, ela também subia . A pesquisa e a análise não importavam muito. Compre uma ação e seja feliz.

Então, em algum momento de 2021, o humor virou. Lembro-me bem da temporada de resultados do 3T21, em que algumas empresas executaram bem, outras, não. Pouco importava, tudo se movia para baixo. Venda uma ação e deixe de ser infeliz.

São raros os momentos em que o mercado de ações é um ambiente válido para a prática. Para que ele seja, é preciso um certo grau de racionalidade. Mas já sabemos que a racionalidade é algo raro nos mercados. Talvez um pouco de razoabilidade já seja suficiente para praticar.

Para a esperança de todos, contudo, a temporada de resultados atual permite enxergar alguma validade no ambiente. O esmero do analista profissional parece ter algum sentido de ser.

Isso não significa que esse ambiente só mostra acertos. O importante é o feedback cabal, aquele que não deixa dúvidas. Sucesso ou fracasso, ponto final.

Agora na metade do caminho da temporada, os testes parecem estar indo bem.

Alpargatas (BVMF:ALPA4) divulgou um resultado ruim, em linha com o que esperávamos, mas pior do que o consenso enxergava. -12% em um pregão. Acerto para o nosso short.

Iguatemi (BVMF:IGTA3) soltou um resultado morno, também conforme esperávamos, mas desta vez o consenso estava junto com a gente. A ação não se mexeu muito. Acertamos na previsão, mas será que acertamos em permanecer comprados?

Ontem à noite, o Itaú (BVMF:ITUB4) divulgou um resultado surpreendente. Superou o consenso em crescimento da carteira de crédito, dos spreads e em controle da inadimplência.

O pregão seguinte ao resultado de Itaú acaba de começar, e pergunto-me se o ambiente continuou válido para teste.

Se sim, continuarei contando horas de prática.

Um abraço

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