Trump consegue tarifas; os norte-americanos recebem aumentos de preços
- O Federal Reserve deve manter os juros na reunião de julho, mas cresce a expectativa de corte em setembro.
- O argumento central é que a inflação ajustada já está próxima da meta, enquanto tarifas elevadas, indústria fraca e mercado imobiliário pressionam a economia.
- Um corte em setembro ajudaria a aliviar esses fatores e alinhar a política monetária às condições atuais.
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O Federal Reserve enfrenta um momento decisivo na reunião de 29 e 30 de julho. A inflação continua acima da meta oficial de 2%, a pressão política aumenta e os investidores buscam sinais mais claros. Com a taxa dos Fed Funds mantida entre 4,25% e 4,5% por cinco reuniões seguidas, a expectativa é de uma nova pausa.
Por trás dessa pausa, porém, o debate se desloca para o momento certo de agir. O mercado projeta o primeiro corte de juros em setembro. Na minha visão, o corte deve ocorrer não apenas por ser esperado pelos investidores, mas porque as condições econômicas já exigem. A política atual está excessivamente restritiva e cada vez mais desalinhada com a dinâmica recente da inflação, os sinais da indústria e as tendências macroeconômicas.
Estes são os sete motivos pelos quais um corte em setembro não é apenas justificável, mas necessário.
1. Inflação já está, na prática, de volta à meta
O IPC cheio e o núcleo do PCE ficaram em 2,7% em junho de 2025, influenciados pelos custos de habitação — como o aluguel imputado, que mede quanto os proprietários pagariam para alugar seus próprios imóveis e tem atraso em relação ao mercado real. Pelo índice harmonizado europeu (HICP), que exclui esses custos, a inflação americana está em 1,8%, mesmo nível da Zona do Euro em setembro de 2024, quando o BCE reduziu os juros para 3,25% [BCE, outubro de 2024]. Com a taxa dos Fed Funds em 4,5%, os juros reais em torno de 2,7% estão excessivamente restritivos e sufocam o crescimento em um contexto de inflação praticamente na meta. Um corte em setembro traria a política monetária para a realidade atual.
2. Tarifas funcionam como um imposto sobre a economia
Cerca de US$ 400 bilhões em tarifas continuam em vigor, onerando diretamente empresas e consumidores. Em julho, as alíquotas médias variam de 15,8% a 20,6%, o maior nível desde 1910. Esse peso adiciona entre 0,4 e 0,6 ponto percentual ao CPI até 2026, segundo o Yale Budget Lab. Dados recentes mostram pressão em categorias sensíveis ao comércio, como vestuário e eletrodomésticos. Com o impacto fiscal freando a atividade, a política monetária precisa compensar. Um corte em setembro ajudaria a neutralizar esse efeito sem comprometer a credibilidade do Fed no combate à inflação.
3. Mercado imobiliário está em depressão estrutural
Nos últimos dez anos, foram criados 15 milhões de domicílios, mas apenas 13 milhões de novas casas foram construídas. Com hipotecas a 6,7% e o preço mediano atingindo US$ 435.300, o mercado está praticamente paralisado. As vendas de imóveis usados caíram 2,7% em junho de 2025, e a confiança dos construtores segue baixa, em 42 pontos. O setor sofre com falta de acessibilidade, baixa mobilidade e restrição de crédito. A habitação é um vetor de crescimento e hoje a política monetária atua como barreira. Um corte em setembro reduziria parte dessa pressão e ajudaria a restabelecer fundamentos.
4. A experiência de 1998 oferece um exemplo
Naquele ano, o Fed reduziu juros de 5,5% para 4,75% mesmo sem recessão formal, em resposta à crise de liquidez do LTCM. Na ocasião, a inflação estava em apenas 1,5%. Essa ação preventiva ajudou a estabilizar os mercados e prolongou o ciclo. Hoje, a inflação ajustada pelos efeitos de habitação está em nível semelhante. As condições financeiras estão apertadas e a economia dos EUA dá sinais de enfraquecimento por baixo da superfície. Agir em setembro mostraria que o Fed continua proativo e orientado por dados, e não encurralado por pressões políticas.
5. Pessimismo do mercado indica política excessivamente restritiva
Apesar das novas máximas no mercado acionário, o sentimento é misto. A pesquisa da AAII mostra 36,8% dos investidores otimistas contra 34% pessimistas. Essa diferença pequena reflete o temor persistente de recessão e preocupação com tarifas. Em ciclos anteriores, esse tipo de pessimismo coincidiu com excesso de aperto. Há risco de o Fed interpretar resiliência dos preços como força econômica. Considerando uma inflação real de 1,8%, a política atual não é neutra; é contracionista. Um corte em setembro ajudaria a realinhar expectativas e dar fôlego à expansão.
6. Sinais da indústria seguem fracos
O ISM Manufacturing PMI marcou 49,0 em junho de 2025, quarta leitura seguida em contração após breves avanços em janeiro e fevereiro. Antes disso, houve um período de 26 meses consecutivos de retração, de novembro de 2022 a dezembro de 2024, o mais longo da série histórica. Nos detalhes, o quadro segue fraco: novos pedidos caíram para 46,4 e o índice de emprego para 45,0, sinalizando demanda em queda e aumento de demissões. As tarifas médias entre 15,8% e 20,6% elevam custos de insumos, e o índice de preços do PMI saltou para 69,7 em junho. Essa combinação de demanda fraca e custos em alta pressiona a produção. Um corte em setembro reduziria esse peso e evitaria efeitos colaterais na economia mais ampla.
7. As ferramentas de política estão desalinhadas
Hoje, a política é estruturalmente incoerente. Os juros estão em 4,5%, as hipotecas próximas de 6,7%, as tarifas em níveis recordes e o ISM industrial segue em contração. Esses fatores, juntos, restringem a atividade ao mesmo tempo. Enquanto isso, a inflação real, medida globalmente, já está na meta ou abaixo dela. Esse desalinhamento ameaça cortar o ímpeto da economia, apertando em um momento de fraqueza. Um corte de juros em setembro ajudaria a alinhar a política monetária à realidade.
Setembro é o momento certo para agir
A expectativa majoritária é de manutenção dos juros em julho, com o CME FedWatch atribuindo 95% de probabilidade a essa decisão. Ainda assim, os dados de inflação e emprego até setembro podem abrir espaço para um corte de 0,25 ponto. O BCE começou a reduzir os juros quando a inflação estava em 1,8%, e pelos padrões internacionais os EUA já se encontram nesse patamar. Um corte bem calibrado em setembro apoiaria o crescimento, reduziria as pressões sobre o setor imobiliário e a indústria e ajudaria a alinhar a política monetária a uma economia em mudança.
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