E o PIB ó...
A recessão brasileira de certa forma estava na conta. Falamos (da então possibilidade) há mais de dois meses. Os dados do IBC-Br, embora desqualificados pelos interlocutores do governo, também haviam antecipado o inevitável. Mas a confirmação da última sexta-feira ainda rende. E não apenas pela frustração das projeções já pífias para o indicador...
O tombo na revisão do relatório Focus desta segunda chama atenção: em uma semana, a mediana das estimativas para o PIB passou de 0,70% para 0,52% de crescimento. Foi a décima quarta queda semanal seguida na projeção. E o movimento do mercado também assusta. No melhor estilo “quanto pior melhor”, ou “comemorando notícia ruim”, a Bolsa engata mais uma alta expressiva e bate nos 62 mil pontos, ganho acumulado de 37% desde a metade de março. As desventuras econômicas dão gás extra para a oposição.
São os resultados (financeiros), estúpido!
Ora, mas que raios de recessão é essa que não aparece na economia real? A economia vai de mal a pior, e as empresas lucrando mais?
Levantamento do Valor Econômico mostra que o lucro líquido de 271 companhias monitoradas aumentou 56% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mas há de se ter muito cuidado com os vieses do indicador:
a) o aumento no lucro líquido não vêm da operação fim da empresa, mas sim do resultado financeiro, inflado pela depreciação do dólar. O lucro antes de resultado financeiro e impostos cresceu em linha com a inflação.
b) mais uma vez: lucro líquido é uma medida contábil; mesmo o efeito positivo do dólar se dá sobre a marcação a mercado da dívida, sem impacto caixa relevante.
c) por a + b, fica claro que trata-se de um resultado insustentável, considerando prognóstico de inevitável liberação dos preços represados (entre eles o câmbio).
Conversa de louco (parte III)
Não, desta vez não temos outras aspas do Ministro Mantega. Ainda...
O “louco”, no caso, faz referência a Benjamin Steinbruch, da CSN e da Fiesp, que recentemente afirmou que “só louco investe no Brasil”. Em entrevista à revista Veja, o empresário reforça o prognóstico da tira acima, ao defender uma desvalorização de 10% do câmbio, que poderia vir de forma natural se o Bacen deixasse o dólar flutuar. Citando a “desindustrialização absurda", Steinbruch ainda recomendou que o próximo presidente adote algumas reformas, especialmente política, fiscal e trabalhista. Fora isso, até que está tudo bem.
Lembra do argumento gringo?
A Bolsa brasileira, que vinha completamente descolada dos mercados internacionais e ignorando os recordes seguidos dos índices americanos, encontrou no emblemático 14 de março o seu ponto de inflexão - data de divulgação da primeira pesquisa eleitoral apontando queda nas intenções de voto à situação.
Com o rali eleitoral, passamos a correr atrás do atraso de forma frenética...
Bom, se ainda não temos um argumento econômico material, pelo menos equiparamos de certa forma os gringos na questão do artificialismo dos resultados...
A diferença é que, por lá, a inflagem via resultado financeiro não se dá pelo controle do mercado de câmbio, mas pelo ambiente de juros zerados. Além da perspectiva de recuperação econômica deles ser tangível.
Comemorando notícia ruim (versão ELET)
Nesse mercado dos loucos, Eletrobras é a maior alta do Ibovespa nessa segunda-feira. A notícia mais recente da empresa é emblemática: ela adquiriu 51% da Celg, distribuidora de Goiás, pagando R$ 59 milhões. A concessionária tem os piores indicadores do Brasil e se soma às seis distribuidoras da Eletrobras, também com indicadores ruins e queimadoras de caixa por excelência. Esse é o tipo de decisão que tem critério que passa longe da racionalidade econômica, amparado por aspectos políticos. É mais uma para a conta da ingerência política.
Ou seja...
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.