A Reversão do Bovespa Vista Pela MA200 Mensal e Pelas Exportações

Publicado 10.12.2012, 09:19
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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É sempre muito difícil estabelecer do ponto de vista gráfico onde podemos chegar ou parar por conta do que vivemos na Economia de cada país.

Na verdade, nunca teremos essa resposta, nem pelo lado do número, nem pelo lado da velocidade, já que mercados são compostos por "seres humanos"; o que os colocam sujeitos a eventos extremos,

No entanto, o ponto da "parada" é "menos nebulosa", já que há suportes pelo caminho, enquanto em um BULL MARKET, o "céu é o limite".

É dentro desse contexto que tentaremos estabelecer um artigo que não tem a pretensão de dar uma resposta exata, mas sim de resgatar algumas pistas gráficas do passado do Bovespa, assim como ressaltar algumas "coincindências" e comparações com variáveis macroeconômicas do Brasil e do mundo e suas interações ao longo do tempo

Vamos começar apresentando o gráfico de 20 anos do BOVESPA no TEMPO MENSAL

Vejam que desde 1994, nas mais fortes quedas do Bovespa, o indice procurou sua Média Móvel Simples de 200 periodos

Bovespa - 20 anos - TEMPO MENSAL
Bovespa
1 - Set-94 - Máxima de 5.640 pontos para uma queda até a faixa de 2.100 pontos em Mar-95 (QUEDA DE 44%)

2 - Jul-97 - Máxima de 14.000 pontos para uma queda até a faixa 4.500 pontos em Set-08 ( QUEDA DE 67% )

3 - Mar-2000 - Máxima de 19.000 pontos para uma queda até a faixa de 8.200 pontos em Out-2002 ( QUEDA DE 56%)

Em todas as 3 quedas, num intervalo de 8 anos, o BOVESPA procurou sua MA200 no TEMPO MENSAL

Vejam que de 8.200 pontos em out-2002 até o topo histórico em 74.000 pontos em maio-2008, o índice avançou de forma espetacular praticamente 9 vezes !

Houve uma queda violentíssima para a faixa de 30 k em 2008, em menos de 1 ano, um CISNE NEGRO, provocada em grande medida pela quebra do Lehman Brothers e suas incertezas sobre a saúde do sistema financeiro.

Cabe a pergunta:

Até que ponto isso não foi apenas um intervalo entre quedas maiores ?

Acho que a pergunta deve ser feita em uma outra direção ?

Até que ponto a saúde econômica mundial foi afetada em seus pilares macroeconômicos de forma a inverter uma inércia e dinâmicas positivas até então presentes na primeira metade dos anos 2000 ?

Focando no Brasil, até que ponto, do ponto de vista macroeconômico, o Brasil foi afetado de forma a inverter uma inércia e dinâmicas positivas até então presentes na primeira metade dos anos 2000 ?

O Brasil me parece afetado por questões externas e internas.

Externas por conta das commodities, justamente aquelas que jogaram o Bovespa na "lua" nos últimos 10 anos, já que muitas delas cairam fortemente de preços nos últimos 36 meses.

Do lado interno, despreocupações com o controle da inflação, dos gastos públicos e uma ênfase na intervenção da Economia pesam negativamente.

Caminhemos agora para algumas comparações gráficas e contexto mundial.

Nas quedas acima destacadas, tivemos 3 questões externas mundiais que pesaram contra o Brasil e o Bovespa

Ao final de 1994, depois de uma alta forte do Bovespa produzida pelo Plano Real, o Brasil sofre com a crise do México, país que usufruia de bons indicadores econômicos até a alta dos juros americanos inverterem a direção do capital do mundo para o Tesouro Americano.

O México vira "o patinho feio" com uma crise na Balança de Pagamentos, uma fuga de capitais e junto com ele, os países emergentes são atingidos fortemente.

O Brasil não foi diferente, com a moeda atacada e pressão na Balança de Pagamentos, o país sofre um contratempo econômico forte, espelhado no BOVESPA, ainda que não houvesse uma desvalorização cambial

De meados de 97 até o final de 98, a história se repete "mais ou menos" na mesma direção.

Começa com a Crise da Ásia em 97 que põe em "xeque" novamente os países emergentes e continua até o final de 1998 com a moratória da Russia. Ou seja, o mundo passou cerca de 18 meses apostando contra as moedas dos países emergentes e eventuais desvalorizações cambiais, o que, certamente, provocou forte fuga de capitais no Brasil.

Mais uma vez, tamanha instabilidade econômica se reflete no BOVESPA.

Coincidência ou não, uma instabilidade que se revelou mais duradoura em 97-98 provocou quedas maiores do Bovespa, cerca de 67% entre 97 e set-98.

Por fim, temos o período Mar-2000 e Out-2002, onde o mundo vivencia o estouro da Bolha de Internet e o ápice do terrorismo mundial com a explosão das "Torres Gêmeas americanas"; período onde incertezas sobre a Economia se intensificaram.

Também curiosamente, pincipalmente nos 2 momentos político-econômicos apresentados, o câmbio dá sobressaltos, contribuindo para pressionar preços e intensificar a inércia negativa sobre a economia brasileira e o Bovespa.

Vejam a taxa de câmbio 97-2012
Dólar x Real 15 anos
A questão que se impõe agora me parece rigorosamente a mesma. O que aconteceu em 2008-2008 apenas foi um "aperitivo". As consequências provocadas em seguida apenas expõem fragilidades menos ou mais intensas nos pilares político-econômicos dos países ao redor do mundo.

Do ponto de vista gráfico, tais consequências ainda se farão visíveis daqui em diante.

Novamente, no nosso caso, no caso do Brasil, me parece que temos questões estruturais frágilíssimas a consertar.
Temos imensos desequilíbrios em vários ativos; o mais gritante, os preços dos imóveis.

O "grau de competitividade" de nossas exportações, as mesmas exportações que impulsionaram o Brasil nos últimos 10 anos e, por conseguinte o Bovespa, também parece fora do ponto de equilibrio, olhadas por um interessantíssimo gráfico abaixo, cuja fórmula descrita ao final do texto.

Vejam que, mesmo com sobressaltos entre 97 e 2002, o "grau de competitividade" de nossas exportações melhora sobremaneira com "topos e fundos ascendentes", empurrando o Bovespa junto.

É claro que o Bovespa deveria ser "deflacionado" para o dólar para uma melhor comparação, porém, e fato, que o "grau de competitividade" das exportações hoje caiu para níveis de 2002 e, precisaria melhorar mais, seja por uma "taxa de cambio" "fora da curva" ou na mudança de nosso quadro de "importadores", já que o "grau" acima mencionado é produto de um quociente que leva em conta "nossa taxa de câmbio" e "peso" de nossos parceiros comerciais
competitividade exportações IPEA
O Pano de fundo acima apresentado é muito menos complexo do que temos na Realidade atual.

Representa apenas "parte do quadro principal'.

Mas é uma tentativa de reflexão, de mostrar uma relação mais aproximada da interatividade entre gráficos e Economia Real.

Nessa aproximação, ainda estaríamos longe de uma reversão de longo prazo, já que a Média Móvel simples de 200 períodos no TEMPO MENSAL, embora ascendente, encontra-se na faixa de 32.000 pontos.

A Mesma média móvel que serviu de base nos últimos 20 anos em momentos de semelhantes instabilidades político-econômicas.

Obs: Cálculo do "grau de competitividade" das exportações brasileiras, segundo IPEA :

Medida da competitividade das exportações brasileiras calculada pela média ponderada do índice de paridade do poder de compra dos 16 maiores parceiros comerciais do Brasil. A paridade do poder de compra é definida pelo quociente entre a taxa de câmbio nominal (em R$/unidade de moeda estrangeira) e a relação entre o Indice de Preço por Atacado (IPA) do pais em caso e o Indice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE) do Brasil. As ponderações utilizadas são as participações de cada parceiro no total das exportações brasileiras em 2001.Atualizado em: 23/11/2012

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