Pela última vez neste ano, o Federal Reserve e o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciam suas decisões de juros no mesmo dia, em um intervalo de poucas horas de diferença. Tal “coincidência” ficou conhecida no mercado financeiro como “Super Quarta” e teve início logo em janeiro, tendo se repetido por outras cinco vezes em 2023, até aqui.
Em algumas dessas ocasiões, não faltaram surpresas. Afinal, o Fed iniciou o ano ainda apertando a taxa, enquanto o Banco Central brasileiro resistia em começar a cortar a Selic. Enquanto o ciclo de alta nos Estados Unidos parou só em junho, mas foi seguido de um novo aumento em julho; aqui, a queda do juro básico começou apenas em agosto.
De lá para cá, os investidores passaram então a calibrar as expectativas sobre quando haveria um “pivô” do Fed, rumo à redução no custo do empréstimo nos EUA, bem como qual seria o gatilho para acelerar o ritmo de queda da taxa Selic. É sobre isso a Super Quarta deste mês.
Afinal, 2024 reserva outras quatro reuniões concomitantes do Fed e do Copom: em janeiro, março, julho e setembro. A ver, então, se a mudança de rota nos juros dos EUA e a alteração da velocidade de cruzeiro do juro básico brasileiro ocorrerá durante esses encontros ou se será um evento solo para os respectivos BCs chamarem de seu.
À espera da Super-Quarta
Seja como for, trata-se do único assunto nos mercados hoje. Ainda mais após a Terça Nobre de divulgação de dados de inflação. Enquanto o IPCA agradou não só pelo todo, mas também no detalhe, o CPI reforçou que a desaceleração da alta dos preços será lenta. A dúvida, porém, é o que esses resultados significam para as decisões do Fed e do Copom.
Por ora, o apetite por risco permanece elevado no exterior. Os futuros dos índices das bolsas de Nova York amanheceram no terreno positivo, em busca de novas máximas do ano. Esse sinal pode animar o Ibovespa, que acumula queda moderada na semana e no mês, até o momento.
Tudo vai depender dos eventos previstos para o dia. O anúncio do Fed será às 16h, acompanhado da divulgação das projeções macroeconômicas no gráfico de pontos (dot plot) e seguido de uma entrevista coletiva de Jerome Powell, a partir das 16h30. Já a decisão do Copom será conhecida em comunicado, a partir das 18h30.
Antes disso, porém, saem o índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA (10h30) e dados semanais sobre os estoques norte-americanos de petróleo (12h30) e sobre o setor imobiliário (9h). Por aqui, merecem atenção o desempenho do setor de serviços em outubro (9h), além do andamento da pauta econômica no Congresso, que enfrenta dificuldades.