Após tarifas de Trump ao Brasil, small cap na B3 subiu mesmo com mercado negativo
No último artigo apresentei minha tese de que estamos, definitivamente, diante do melhor momento para entrar no mercado de ativos digitais e criptoativos, pois além do mercado estar atingindo um certo nível de maturidade, a tecnologia está sendo desenvolvida a pleno vapor.
Para responder sobre o porquê acredito ser o melhor momento para entrar nesse mercado, procurei apresentar um ponto de vista de que, exceto se você é um investidor profissional ou trader institucional, o preço NÃO IMPORTA.
Embasei meus argumentos em quatro características: Volatilidade, Ativos não relacionados, Assimetria e Impacto Tecnológico e aprofundarei cada uma em um artigo.
Este artigo aprofunda a primeira característica:
Volatilidade
Volatilidade é uma medida estatística. É calculada através do desvio padrão e usada para que seja possível mensurar o risco de um determinado ativo. Ela mede basicamente a intensidade e a frequência das oscilações nas cotações de um ativo financeiro. Quanto maior a variação do preço de um ativo em um espaço definido de tempo, maior é a volatilidade e por consequência, maior é o risco desse ativo.
O risco é o fator mais comentado quando falamos de investimentos em criptoativos, já que a volatilidade é relativamente alta. Precisamos entender, entretanto, que uma alta volatilidade não é necessariamente ruim, pois quando falamos de volatilidade há o risco para variações negativas ou positivas.
A única forma de dizermos, portanto, se o investimento em um ativo “vale o risco” é analisando o retorno desse ativo e comparando com o resultado esperado em um investimento livre de risco, que geralmente são títulos do governo.
Índice de Sharpe
Um dos indicadores comumente utilizados para se analisar o risco de um ativo é o Índice de Sharpe. O Sharpe simplesmente divide o retorno médio que o ativo com risco obteve acima do livre de risco pela sua volatilidade. A ideia é entender o quanto um investimento vai remunerar seu detentor por ter tomado mais risco de perder dinheiro em comparação a um ativo livre de risco.
É aquela máxima: se sem correr nenhum risco meu dinheiro rende Y, só aceito correr mais risco se receber mais do que Y.
Para entendermos então qual foi o prêmio pago para cada unidade de risco, escolhi uma série de ativos e índices brasileiros e americanos e comparei com o Bitcoin (BTCUSD - Bitfinex), principal criptoativo.
Do Brasil estamos analisando o índice Bovespa (BVSP), Magazine Luíza (MGLU3 (SA:MGLU3)), Itaú (SA:ITUB4), Vale (VALE3 (SA:VALE3)) e dos Estados Unidos temos o índice S&P 500 (US500) e as ações de tecnologia favoritas do mercado: Apple (NASDAQ:AAPL), Google (NASDAQ:GOOGL), Amazon (NASDAQ:AMZN) e Netflix (NASDAQ:NFLX). A ideia aqui foi comparar ativos expostos à mercados bastante diferentes.
O período escolhido para análise foi de Março de 2015 até Fevereiro de 2019, desse modo nenhum ativo foi beneficiado ou penalizado por seu desempenho
Ao analisarmos o Sharpe do Bitcoin, vemos que ele tem uma performance superior a todos os ativos escolhidos e que nenhuma ação remunerou melhor o risco do investidor, nem mesmo as queridinhas do mercado. Além disso, ainda tivemos Sharpe negativo, ou seja, quem colocou dinheiro nesses ativos correu risco e acabou perdendo dinheiro.
O fato é que quando pensamos em risco financeiro de um investimento, o que preocupa é o risco da perda do capital investido e não o “risco” de ganho. No caso do Sharpe, um investimento que sobe muito de valor a cada mês, terá da mesma forma uma volatilidade alta, apesar de ter gerado grandes oportunidades de ganho. “Riscos de ganho” não deveriam ser penalizados e sim incentivados.
Índice de Sortino
Como a volatilidade medida pelo desvio padrão acaba capturando tanto os retornos negativos quanto os positivos, existe um outro indicador que é bastante utilizado quando se trata de medir a relação de risco e retorno de um investimento.
O Índice de Sortino é muito interessante, pois desconta o retorno obtido pelo risco de perda ao penalizar o ativo apenas quando seus retornos são negativos, ou seja, utilizar o desvio padrão apenas nos períodos de baixa. Essa medida é conhecida downside risk (risco de perda).
É normal imaginarmos que na análise desse indicador o Bitcoin seria muito prejudicado por suas grandes quedas. O ponto é que o Sortino parece mais justo quando analisamos de fato o que interessa ao investidor comum, que é comparar os retornos ajustados pelo risco de perda.
Considerando o risco de perda e as intensas variações negativas, o Bitcoin ainda aparece em nossa análise como o que melhor remunerou o capital, compensando o risco tomado pelo investidor nos outros ativos.
Após entendermos essas importantes ferramentas de análise de risco e compararmos ativos tradicionais com criptoativos, podemos concluir que faz sentido estar exposto à essa nova classe de ativos, ainda que com uma pequena fração do portfólio. Os criptoativos podem recompensar melhor os investidores se comparados ao risco de cada investimento.
A outra grande questão que surge é se podemos usar criptoativos como hedge contra o caos, ou seja, usá-los como proteção para uma eventual crise do mercado tradicional. O principal argumento em favor dos criptoativos nesse caso é que são ativos não relacionados e no próximo artigo vou tentar explicar um pouco mais sobre essa questão.