Tudo indica que haverá acomodação das tensões comerciais e geopolíticas tornando o clima mais brando e permitindo que ocorra um ajuste amplo nas tendências e formação de preços dos ativos.
E , no Brasil poderá ser mais intenso já que o real, dentre as moedas emergentes, foi a de pior desempenho neste início do ano quando interrompeu sustentável tendência de apreciação frente ao dólar que havia se fortalecido ao final do ano atingindo a mínima de R$ 4,01, sem que houvesse razões plausíveis para tanto, a não ser fatores especulativos visto que o preço da moeda americana ainda apresenta considerável disfuncionalidade.
Como temos salientado de forma enfática o Brasil não tem risco cambial, tão somente teve um “gap” negativo no fluxo cambial devido a forte retirada de capital especulativo, face à queda do juro e ausência imediata de perspectivas de melhora da atividade econômica que só se fortaleceu ao final do ano, e ao fraco desempenho da balança comercial como consequência da queda das exportações automobilísticas para a Argentina e de soja para a China como consequência da crise na sua criação suína por epidemia.
Contudo, a perspectiva em torno do ano de 2020 para o Brasil sinalizava ambiente extremamente otimista, que foi “interrompida” momentaneamente pela excessiva preocupação local com o preço do petróleo e eventual retardamento dos fluxos de investimentos estrangeiros aguardados para o início do ano, devido a postura defensiva do mercado global ante o embate Irã-Estados Unidos ora atenuado, e, naturalmente, pelo fato do país ter um mercado de derivativos com forte conteúdo especulativo e ainda com posicionamentos de investidores bastante desfavorável ante o cenário promissor.
Atenuadas as pressões da crise comercial USA-CHINA e geopolítica IRÃ-ESTADOS UNIDOS, tudo leva a crer que os ajustes de preços e atitudes no mercado global ocorram gradativamente, ainda que haja alguma lentidão, mas que recolocarão o Brasil no foco dos investidores estrangeiros tendo em vista que as perspectivas em torno do país não se alteraram até por ausência de motivos.
A reação do mercado de ações deverá se ancorar de imediato com a reversão da tendência para positiva a partir do próprio investidor interno que tem sido o mantenedor da alta recente e que assumiu neste curto espaço de tempo posição defensiva que será alterada.
No câmbio, onde o preço, a despeito do fluxo negativo, apresenta desde agosto do ano passado comportamento “fora da curva” por movimentos especulativos, denominados modernamente como “disfuncionalidade”, e que se mantiveram ancorados pela prática do BC de intervenções com leilões “neutros”, que lhes tem dado sustentabilidade, não há como deixar de considerar de forma mais contundente a não existência de risco cambial, visto que o país tem confortável situação na questão cambial, muito melhor do que os demais emergentes, e há forte perspectiva de que neste 2020 poderá receber forte fluxo de recursos externos direcionados para a Bovespa dada a melhora das projeções de crescimento do PIB, já que o juro atual não atrai capital especulativo, e para o esperado programa de privatizações, já que há uma infinidade de oportunidades para investimentos na infraestrutura.
Como salientado o país não tem problemas cambiais, mas a forte perspectiva de reversão e intensificação positiva do fluxo cambial repercute no ajuste do preço do câmbio, mesmo que ainda não tenha havido materialização dos ingressos de moedas estrangeiras.
No nosso entender a tendência deverá se acentuar na linha de retomada da valorização da Bovespa e depreciação do dólar ante o real, compatibilizando o contexto à realidade e perspectivas em torno do país, mesmo com intensidade mais moderada mas na direção certa.